10 Anos de 11 de Setembro

Por Gazeta News

O dia 11 de setembro de 2001 foi marcante para a grande maioria da população ocidental que tinha uma televisão ou internet por perto. Enquanto pessoas em qualquer lugar do mundo podiam ver a cobertura em tempo real do ataque às Torres Gêmeas, parentes testemunhavam desesperados a tragédia que matou quase 3 mil pessoas, incluindo brasileiros.

Em seu consultório na Bela Vista, em São Paulo, o médico Ivan Fairbanks Barbosa guarda, ao lado de miniaturas das torres, diversas fotos do filho Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, um dos brasileiros mortos no ataque terrorista em 2001, de acordo com o G1.

“Eu aprendi a lidar com essa dor, mas para nós, pessoas normais, é muito difícil lidar com a perda de alguém querido sem um cadáver. Fomos algumas vezes ao local dos ataques, inclusive com minha outra filha, para poder compreender melhor a tragédia”, conta o otorrinolaringologista.

O administrador Ivan Kyrillos, à época com 30 anos, estava em Nova York havia dois anos e trabalhava no 104º andar de uma das torres atingidas por aviões sequestrados. Seu maior sonho, retornar ao Brasil depois de conquistar estabilidade financeira, foi interrompido naquela manhã do dia 11 de setembro de 2001.

O último encontro entre pai e filho ocorreu justamente em um dos escritórios do World Trade Center, local da tragédia. “Ele me levou até lá meses antes dos atentados para mostrar, orgulhosamente, onde trabalhava”, disse o pai de Kyrillos.

Dias seguidos em frente à televisão e nenhuma informação sobre o filho, até então considerado desaparecido. Uma rede de solidariedade formada por brasileiros e americanos, que se tornaram amigos da família após a tragédia, espalhou fotos de Ivan pelas ruas e hospitais, mas sem sucesso.

Hoje, dez anos após os ataques, Ivan conta que a morte do terrorista Osama bin Laden, em maio deste ano, aliviou parte da dor pela perda do filho. Outros brasileiros que estavam no World Trade Center no dia dos ataques foram Anne Marie Sallerin Ferreira, Sandra Fajardo Smith e Nilton Fernão Cunha, de acordo com o G1, que não conseguiu contactar familiares para a reportagem.

Jornalistas organizam o caos de informações

O dia 11 de setembro também foi marcante para a equipe do Gazeta Brazilian News. A edição 234 havia sido entregue à gráfica no dia 10 à noite, e no dia seguinte, quando ocorreram os ataques, Fernanda Cirino, editora-chefe do jornal, ligou imediatamente para a equipe e para a gráfica para reimprimir a capa e o editorial daquela edição.

“Chamamos toda a equipe para trabalhar, ligamos para a gráfica, pagamos novamente pela impressão da capa, e no final da manhã do dia 11 de setembro, todos os estabelecimentos brasileiros tinham o jornal com a notícia, mesmo com informações cruzadas do que realmente havia acontecido naquele dia”, relembra Cirino. “Muitos brasileiros nem haviam visto TV ainda, e obtiveram a informação primeiramente pelo Gazeta News.

Saímos com a capa antes mesmo do ‘Sun Sentinel’, que saiu com uma edição especial às 2 da tarde daquele dia”.

Nos dias seguintes aos ataques, jornalistas de todo o mundo tiveram que cuidar para colocar ordem naquele caos de informações e pânico em toda a parte. Serge Schmemann, jornalista do “New York Times”, assinou a reportagem de capa do dia 12 de setembro, narrando o que havia acontecido no dia anterior. “Eu comecei a pensar em como organizar a reportagem: quem deveria estar onde, como as pessoas deveriam ser instruídas para separar o material. Eu cheguei ao ‘Times’ e nós organizamos uma força-tarefa de crise. Nós separamos as informações sobre o que estava acontecendo em Washington, o que estava acontecendo em Downtown, mas nós não podíamos fazer ligações porque as linhas haviam caído”, conta o jornalista, hoje com 66 anos. “Foi interessante, porque alguns dos nossos repórteres, especialmente os mais jovens, não quiseram esperar.

Simplesmente pegaram suas bicicletas e foram até o local. Quando voltavam, chegavam cobertos de cinzas. Foi uma situação muito dramática, mas, pensando em termos jornalísticos, as pessoas fizeram um trabalho brilhante. Todo mundo estava calmo, organizado. Foi um dia horrível, uma tragédia, mas jornalisticamente o ‘New York Times’ fez um ótimo trabalho”.

Brasileira conta momentos de caos

A brasileira Mariana Gabrijelcic, na época com 19 anos, estava visitando Nova York e pronta para sair do hotel e visitar o WTC com sua irmã, quando viram a notícia de que um avião havia se chocado contra um dos prédios.

Pouco depois, uma amiga que estava em outra parte da cidade, e que as encontraria no World Trade Center, ligou para saber o que estava acontecendo, já que o trem onde estava havia parado. Naquele momento, ainda se especulava sobre um possível acidente, e Mariana instruiu a amiga a voltar para o lugar onde estava hospedada. Tudo começou a ficar mais claro quando o segundo avião bateu na torre. “Aí começaram a falar em sequestro e em terrorismo”, lembrou a publicitária gaúcha, que reside em Porto Alegre.

Enquanto tentavam o contato com a família, a estação Penn, que fica na frente do hotel Pennsylvania, recebeu uma ameaça de bomba.

“Foi um caos. Soou o alarme de incêndio e todo mundo saiu correndo. Uns desceram de escada, outros de elevador, enquanto tinha gente que queria subir. Muitos policiais invadiram o hotel e ordenaram a evacuação”, conta. Mariana disse que se afastou bastante do local, pois achou que, pela quantidade de agentes, poderia haver algum terrorista dentro do prédio. Ela e a irmã correram para o sul de Manhattan.

Nesse momento elas viram a fumaça que saía dos destroços das torres e sentiram o cheiro forte que tomou conta daquela região da cidade.

“Nos outros dias tentamos chegar mais perto, mas tudo estava isolado.” Caminhar pela cidade era tudo o que restava a fazer, já que não havia clima nenhum para o turismo - todos os shows da Broadway foram cancelados e havia poucos restaurantes abertos. O ambiente estava muito pesado, e qualquer barulho estranho nas ruas deixava as pessoas apreensivas e com medo. O que todo mundo queria naquele momento era voltar pra casa.

Mariana e a irmã tinham ido a Nova York especialmente para um show do Michael Jackson, e ficariam por uma semana.

A dificuldade de encontrar voos de volta fez as irmãs ficarem por mais sete dias na cidade. Conseguiram voltar em um avião da Varig, pois “ninguém queria saber de American Airlines”, em uma viagem tensa. “O pessoal chegou a aplaudir quando aterrissamos no Brasil”, lembra.

Futuro do terrorismo é cibernético, dizem analistas

Especialistas americanos afirmam que além de mísseis, aviões e homens-bomba, os terroristas do futuro poderão usar computador, mouse e teclado para atacar os Estados Unidos. O terrorismo cibernético é apontado como a próxima grande ameaça ao país. Através de hackers, grupos terroristas poderiam roubar informações do Pentágono, bloquear contas bancárias e até assumir o controle de naves espaciais.

O presidente Barack Obama tem anunciado repetidamente que segurança cibernética é uma prioridade do seu governo. O Pentágono sofre 1 milhão de ataques virtuais por dia e a Nasa, que já teve seu sistema hackeado em 2009, anunciou este ano que teme pelo controle das suas aeronaves no espaço.

O principal medo das autoridades americanas é que terroristas utilizem estas ferramentas para facilitar um atentado como o de 11 de Setembro. “Se eles conseguirem bloquear os computadores do Pentágono, seria fácil nos atacar porque nosso sistema de defesa é inteiramente baseado nesses computadores”, afirma o professor Lawrence Gordon, especialista em Segurança Cibernética da Universidade de Maryland.

E virtual, um ataque teria consquências sérias em um país que depende inteiramente da internet para controlar sistemas de transporte, energia e financeiro. Gordon lembra que há diversas formas de fazer terrorismo, desde que prejudique o modo de vida de uma nação. “O simples ato de parar os trens de uma cidade como Washington D.C geraria pânico e desconforto”, acredita. Mas para ele, a forma mais eficaz de afetar os Estados Unidos seria bloquear as contas bancárias dos milhões de americanos que dependem inteiramente dos seus cartões de crédito. “Basta lembrar que 70% das transações bancárias circulam entre dois bancos de Nova York. Imagina se eles param de funcionar. As pessoas não teriam dinheiro para chegar em casa”, constata.