Yes, nós mulheres precisamos dormir mais que os homens

Por Ivani Manzo

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Você acha que mulheres e homens são iguais e que devem ter os mesmos direitos? Para mim, que sou fisiologista, nunca uma mulher será igual ao homem e também não serão iguais as suas necessidades. Basta pensar que apenas a mulher gesta, menstrua, amamenta e ainda temos a menopausa. Mesmo que os homens hoje em dia estejam muito mais presentes no cuidado da família, da casa, dos filhos e tudo que envolve esse núcleo, essas atividades e características femininas são impossíveis de serem compartilhadas ou delegadas. Agravando ainda mais, tudo que foi mencionado envolve grandes alterações hormonais. Isso quer dizer que além de ser mais trabalho físico, mais desgaste para a mulher em muitos momentos, esses fatores todos alteram o padrão de sono. A insônia é muito comum no período pré-menstrual, o que ocorre todos os meses, na gestação e na menopausa, sendo que este último período pode durar alguns anos. Para Jim Horne, diretor do Centro de Pesquisa do Sono da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, o cérebro da mulher é mais complexo que o cérebro dos homens e isso por si só justificaria a maior necessidade de sono nas mulheres. Segundo o especialista, as mulheres são capazes de fazer mais coisas ao mesmo tempo. Diante disso os especialistas indicam uma soneca no meio da tarde ou ir cedo para a cama. Mas, calma, como assim dormir à tarde? E quem olha o bebê? E quem amamenta ou está disponível para ele? Será que a maioria das mulheres pode dormir mais cedo ou tirar uma soneca no meio da tarde assim como foi aconselhado por especialistas? Tentando não ser imparcial, eu diria que a maioria das mulheres não têm essa oportunidade e o resultado é um grande número de mulheres que não quer ter mais de um filho, ou que se arrasta por alguns anos acumulando tarefas e sendo elogiada como guerreira, mãe dedicada e tantos adjetivos lindos, mas que não solucionam o problema. Claro que conseguimos, mas não é isso que está em jogo. Nós conseguimos sim cuidar de tudo e ser supermãe, mas segundo esses mesmos especialistas, o preço é muito alto e acima de tudo é muito injusto. Dormir menos que o necessário traz consequências graves ao longo do tempo e essas consequências são irreversíveis. As consequências são, depressão, estresse, envelhecimento precoce, demência. E o mais inacreditável é que tudo isso pode ser evitado. Se houvessem leis protegendo as mulheres e as crianças, leis que permitissem mais tempo de convívio da mãe com os filhos para amamentar e educar. Mais tempo para descansar, sem ter que estar sempre correndo. Isso iria refletir em crianças mais saudáveis. E o resultado de tudo isso, seria que em uma ou duas gerações teríamos pessoas mais equilibradas fisicamente e psicologicamente, menos gastos públicos com saúde, menos dias não trabalhados por doenças, planos de saúde mais baratos e maior produtividade. Nada mal, se pensarmos que basta respeitar mais as mulheres.