Quando paramos para refletir sobre como foi o ano de 2007 em nossa comunidade brasileira nos Estados Unidos e mais específicamente na Flórida, duas imagens claras surgem imediatamente: conquistas e estresse.
Dizem que notícia ruim e escândalo, por menos que sejam, ocupam sempre espaços maiores e com maior frequência as manchetes da mídia ao nosso redor.
Verdade pura. Se analisarmos as manchetes dos jornais de nossa comunidade ao longo do ano, o balanço é de que a frustração pela indefinida questão imigratória foi dominante no primeiro semestre. O alarmismo em torno da palavra “crise” foi evidente no segundo semestre.
E embora o ano tenha sido de inúmeras conquistas importantes e positivas para o crescimento e afirmação da nossa comunidade, essas notícias positivas, construtivas, foram amplamente eclipsadas pelas manchetes dominadas pela tristeza, incertezas e até mesmo de uma falsa ilusão de “debandada geral”. Isso sem falar no enorme estresse causado pela onda de “foreclosures”, como consequência da fortíssima crise imobiliária em todo o país e mais duramente no Sul da Flórida. É bom lembrar que essa crise pune a muitos, mas de forma muito especial a quem literalmente “viajou na maionese” e, no tempo das “vacas gordas”, saiu comprando casas e imóveis como quem coleciona carros de luxo. A quem faltou prudência e bom senso, a crise puniu mais ainda.
Mas, nem de longe, a cara de derrora é a cara de 2007 para os brasileiros na América.
Só mesmo quem não se apóia nos fatos, estatísticas e história, é que pode considerar um ano como o de 2007 como um ano “absolutamente negativo” na trajetória específica da comunidade brasileira.
O governo de George W. Bush, sabemos todos, nunca foi dos mais brilhantes. A economia norte-americana que nos 8 anos sob o comando de Bill Clinton, atingiu picos de crescimento históricos, se vê, dois mandatos de Bush depois, numa inegável recessão.
Como parte de todo o corpo econômico do país, a comunidade brasileira reflete esse momento de recessão. E reflete às vezes com tintas mais carregadas porque ainda tem sobre si o peso da situação imigratória, da impossibilidade de tirar ou renovar carteiras de motorista e de muitas limitações que vêm se amontoando nos últimos anos de politicagem em Washington DC. Aliás, nunca os políticos norte-americanos foram tão “ególatras” e insensíveis com causas do povo deste país.
Cultiva-se a ilusão de que a maioria dos norte-americanos é contrária à legalização dos imigrantes, quando, na verdade, todas as pesqusias feitas, até mesmo no auge do sentimento anti-imigrante, revelam que a maioria é a favor da legalização ampla e imediata.
Mas a verdade é que essas notícias dominaram o panomara da comunidade que teve muitos motivos para se orgulhar de seu crescimento, sua visibilidade e sua representatividade.
Nossos grandes eventos culturais, todos, sem exceção, bateram recordes de público e reconhecimento em esferas muito além da própria comunidade.
Nossa atividade consular apresentou melhoramentos notáveis, ainda que hajam áreas e aspectos a serem melhorados.
Entidades e associações, antes consideradas “inviáveis”, se mantêm e florescem dentro do ritmo e limitações que a realidade econômica impôe. Mas sobrevivem.
O Brasil, especialmente através de nossa cultura, nossa música, nossos eventos, nossa forte e relevante imprensa, está definitivamente no “mapa” da variedade étnica dos Estados Unidos e no Sul da Flórida. Já somos mais que vistos. Começamos a ser considerados de fato e de direito como agentes determinantes em comunidades como Miami, Miami Beach, Fort Lauderdale, Weston, Deerfield Beach e Pompano Beach.
O balanço que faço é de que o ano foi de emoções mistas. De altos e baixos, que caracte rizam uma fase de transição, como já ocorreu no passado.
Em situações semelhantes e até muito piores e mais devastadoras, a comunidade brasileira que foi dada como “abalada”, emergiu muito mais forte.
E é isso que, na verdade, já está acontecendo. Aproveito para, com a devida permissão de nossa publisher, mudar o formato desta coluna de forma excepcional, para apontar aquele que consideramos a “Personalidade Brasileira do Ano”, o Embaixador João Almino, Cônsul-Geral do Brasil em Miami.
2007 marcou seu terceiro e último ano de mandato em Miami. Foi um ano consagrador para seu trabalho como legítimo representante das instituições brasileiras nos Estados Unidos, como agente pioneiro na propagação de nossa imagem e nossa cultura.
A ele, em nome de todos os brasileiros de bom senso e que acompanharam de perto e de fato sua atuação, nossos mais sinceros agradecimentos e votos de sucesso em sua nova missão, como Cônsul-Geral do Brasil em Chicago.
E para deixar com vocês uma imagem que traduz nosso sentimento de fé no futuro de todos os brasileiros, dedicamos a foto abaixo, que traduz de forma genial a harmonia, delicadeza e afeto entre os seres.
A todos, um Feliz Ano Novo e fé no “Brazil com Z”, que muito além de ser um sonho ou uma promessa, é uma realidade inabalável.

