2,2 milhões podem perder seus imóveis financiados

Por Gazeta Admininstrator

De acordo com levantamento do setor, um em cada 5 titulares de financiamentos subprime enfrentam problemas para pagar suas dívidas.

Cerca de um em cada cinco financiamentos do tipo subprime (voltados para compradores sem crédito) feitos entre 2005 e 2006, têm chances de ter a hipoteca executada e o imóvel retomado, de acordo com relatório divulgado pelo Center for Responsible Lending (Centro para Empréstimos Res-ponsáveis), um grupo de pesquisa sediado em Durham, N.C.

Cerca de 1,1 milhão de proprietários que assumiram financiamentos subprime no período mencionado perderão seus imóveis nos próximos anos, afirma o relatório. O arresto de imóveis custará aos seus proprietários um valor estimado em $74,6 bilhões.

O estudo foi baseado em dados fornecidos pelo Moody’s Economy.com. Os pesquisadores examinaram mais de 6 milhões de financiamentos imobiliários feitos de 1998 até o terceiro trimestre de 2006, no primeiro estudo nacional sobre a performance dos financiamentos subprime.

Os índices mais altos de inadimplência são esperados em cidades da Califórnia, Nevada, Michigan e New Jersey, assim como em Washington, D.C.

A pesquisa projeta que 21,4% dos financiamentos subprime feitos no condado de San Diego em 2006 vão terminar em retomada do imóvel. Isso representaria um salto de 567% em relação à projeção de retomadas de 3,2% neste mercado específico para a mesma área entre 1998 e 2001.

Apenas os condados de Orange e Santa Barbara devem, de acordo com o estudo, apresentar elevação maior.

O mercado subprime é feito para tomadores de empréstimo com histórico de crédito “desfavorável”. Esses tomadores pagam taxas de juros mais altas do que o chamado mercado prime, e pagam taxas mais elevadas e penalidades de pré-pagamento que não constam nos demais contratos de financiamento.

As empresas de financiamento imobiliário (mortgage), bancos e investidores começaram a atuar mais agressivamente no mercado e a negociar entre si os financiamentos no início desta década, uma vez que as taxas de juros de tais financiamentos os tornavam mais rentáveis para as empresas financiadoras.

Como resultado disso, os financiamentos subprime hoje representam mais de um quarto do mercado de mortgages, e somaram mais de $600 bilhões em 2005.

- Esse não é mais um nicho de mercado que possa ser ignorado. Esse é o componente principal do mercado de financiamentos imobiliários, e o aumento crescente das retomadas de imóveis deve ser causa de alarme -

Flórida
A Flórida tem mais retomadas de imóveis a caminho do que qualquer outro estado do País, afirmam especialistas da RealtyTrac, empresa de âmbito nacional que acompanha os números deste mercado.

A maior parte do problema que está por vir estará concentrada no sul da Flórida, onde os proprietários têm sido sufocados por altos preços, elevados impostos e insuportáveis prêmios de seguros além, naturalmente, dos valores dos financiamentos.

A situação é tão grave que, nem mesmo os imóveis levados a leilão têm encontrado compradores, embora com preços muito inferiores aos de mercado. Na semana passada, um leilão público realizado na Corte de Broward não encontrou compradores para quase nenhuma das 88 propriedades oferecidas, muitas com preços mínimos de $100 mil.

Em fevereiro 19.144 imóveis entraram em processo de retomada. Este foi o maior número já registrado recentemente em todo o país, de acordo com especialistas da RealtyTrac.

A Flórida, de acordo com a empresa, superou a Califórnia, que teve 16.273 retomadas, e o Texas, com 12.386.

Os condados de Palm Beach e St. Lucie tiveram um aumento representativo de retomadas de imóveis em relação ao ano passado, com 1.317 e 228, respectivamente.

- Não é nenhum segredo que a Flórida teve um número desproporcional de especuladores comprando imóveis que nunca tiveram a intenção de usar. Nós sabemos há algum tempo que aquelas pessoas iriam perder suas casas – disse Braid Hunter da Metrostudy Corp, em West Palm Beach.

Jack McCabe, consultor da área de Deerfield Beach, prevê uma explosão de inadimplência, devido a diversos fatores, principalmente por causa do mercado subprime. “Esses financiamentos com taxas variáveis agora estão chegando à fase do primeiro reajuste. Nós vamos ver um número grande de retomadas de imóveis. Esse é apenas o começo”, disse McCabe.