Se hoje em dia o sul da Flórida exibe shows brasileiros em proporções comparáveis ao Brasil com gêneros para todos os gostos, desde o frevo à MPB, isso se deve em grande parte ao trabalho da Rhythm Foundation, uma fundação cultural especializada em “World Music”, que está completando 25 anos nessa temporada.
Ao longo desses 25 anos, os fundadores James e Laura Quinlan sempre tiveram em mente contribuir para o aumento do interesse da região pela cultura global, algo que já é natural, dado o grande número de estrangeiros. A RF apresenta artistas da Colômbia, Senegal, Espanha, Argentina, etc, mas o casal confessa seu carinho especial pela música brasileira, que tem acompanhado a história da fundação desde o início.
Durante os anos 80, James e Laura operavam o Cameo Theatre, em South Miami Beach, nos anos 80. Foi aí que a história da RF começou gradualmente, quando os dois trabalhavam com a programação da casa, conhecida pela apresentação de bandas estrangeiras, com capacidade para 1,6 mil pessoas. Pouco a pouco, eles pararam de operar a casa e tornaram-se uma fundação independente. Ao mesmo tempo, Cameo tornou-se mais um night club a partir dos anos 90.
O primeiro show da temporada de 1988 foi de Milton Nascimento, com ingressos esgotados e 1,7 mil pessoas em uma casa em Downtown Miami. “Foi uma daquelas noites perfeitas”, lembra Laura, completando que geralmente os shows brasileiros contam com um público do mundo inteiro. “Todos gostam da música brasileira, que é difícil de ser definida devido seus diferentes estilos, como o forró, bossa nova, eletrônica...”.
A missão da RF é mostrar o que está acontecendo agora no mundo, incluindo Miami no circuito de bandas atuais, com uma programação de acordo com o gosto da equipe, altamente especializada. Antes da história da RF começar, James, hoje presidente da fundação, trabalhou com artistas brasileiros, como Naná Vasconcelos. Isso fez com que desenvolvesse um profundo conhecimento sobre os diferentes gêneros musicais do Brasil, algo que sempre trouxe em sua bagagem.
“Tem gente que só quer ouvir a música que ouvia na juventude, por exemplo”, disse Laura. “Tudo bem também, mas nossa intenção não é causar nostalgia”.
Equipe A equipe da Rhythm Foundation é pequena, mas já foi menor. “Eu já trabalhei sozinha em produções inteiras”, relembra Laura, natural de Miami Beach, que hoje conta com a ajuda de Martina Hamlin, coordenadora de produção.
Além de Laura e Martina, a RF conta com o brasileiro Gene de Souza, diretor, e Angie Bell, coordenadora do evento mensal “Big Night in Little Haiti”, além dos colaboradores regulares.
Gene de Souza
“Em 2003, eu me juntei à pequena equipe da RF e me concentrei na área de patrocínios, parcerias e oportunidades para expandir o trabalho e impacto da fundação. Quando comecei, a RF fazia entre oito e 10 produções, e agora fazemos mais de 20 eventos para mais de 50 mil pessoas por ano”, conta Gene.
O conhecimento de Gene sobre a música brasileira foi um casamento perfeito com o trabalho da RF, que hoje tem um currículo extenso de shows de brasileiros na região do sul da Flórida.
“Muitos artistas fizeram sua estreia nos EUA e na Florida com a RF como Caetano Veloso, Djavan, Gilberto Gil e muitos mais. Com a minha chegada 10 anos atrás, nós criamos o Heineken TransAtlantic Festival, com o propósito de apresentar novos talentos dos países que beiram o Atlântico”, conta Gene. “Nesse festival, apresentamos artistas incríveis da África, Europa, EUA, Caribe e do Brasil. O meu envolvimento nas contratações foi de incluir mais novidades além dos grandes ícones, o que sempre foi a marca da RF”.
Quem vê como Gene apresenta com naturalidade shows de grandes, como Paco de Lucia, Bebo Valdes, Cesaria Évora e Manu Chao, não imagina o nervosismo que ele passou no início. O primeiro show que Gene apresentou foi o de Caetano Veloso, na turnê “Noites do Norte”, no Jackie Gleason Theather (hoje Fillmore Miami Beach).
“O teatro estava completamente lotado, as luzes na minha cara, e as mãos tremendo, segurando o papel com meu pequeno texto. Fiquei emocionado mesmo e praticamente gritei o nome do artista e a plateia reagiu de uma forma maravilhosa. Depois do show, conheci Caetano pela primeira vez e ele me agradeceu pela introdução. Depois desse dia passei a ser o apresentador oficial da Rhythm Foundation”, lembra.
Experiência
Hoje, Laura diz que sente que a experiência torna o trabalho da RF mais fácil. “Fomos construindo relacionamentos e hoje sentimos que as pessoas têm mais confiança no nosso trabalho”, avalia.A RF estabeleceu parcerias com consulados, câmaras de comércio, mídias comunitárias para divulgar os diferentes shows. “Muitos dos artistas que apresentamos nunca teriam vindo se não fosse pelo trabalho da RF. Nos shows brasileiros, vemos muitos americanos e hispânicos que adoram a nossa música e querem sempre mais. Quando a casa está cheia e recebemos e-mails e telefonemas de pessoas emocionadas e agradecidas é a nossa maior recompensa”, avalia Gene.
Comemoração dos 25 anos da RF
Para a comemoração dos seus 25 anos, a RF escolheu um ícone de sua história, Gilberto Gil, que participou da primeira temporada da fundação, sua estreia em Miami, em 1988. “Gil é um artista que trabalhamos em suas diferentes encarnações”, conta Laura. “Muitos chamam Gil de ‘lenda’, ‘ícone’, e eu concordo”.
Gil fará uma única apresentação, no dia 21 de outubro, em Miami Beach, no New World Center projetado pelo renomado arquiteto Frank Gehry.
INFORMAÇÕES:
O que
: Celebração dos 25 anos da The Rhythm Foundation, honrando Gilberto GilQuando:
Domingo, 21 de outubro, 2012, às 7pmOnde:
New World Center, 555 – 17th Street, Miami Beach, 33139Ingressos:
$125, que inclui buffet, drinks, show, festa e um ano como membro da RF. Ingressos pelo telefone 305-672-5202 ou pelo site www.rhythmfoundation.com