Medo de contrair meningite assola milhares de famílias em todo o país

Por Gazeta News

meningite

Enquanto profissionais da área médica estudam uma forma rara de meningite fúngica que tem pouca literatura publicada, pacientes sob risco de contrair a doença esperam aflitos pelo período de encubação da doença, que pode ir de sete a 81 dias depois de a pessoa ter recebido injeções de um esteróide contra dor nas costas, contaminado por um fungo.

Esse é o caso de Cathy Literski e sua mãe, retratado pelo “New York Times”. Ela e sua mãe tomaram a mesma injeção em uma clínica em Brighton, Michigan.

Cathy foi informada recentemente que a droga esteróide injetada em sua espinha para combater sua dor nas costas talvez estivesse contaminada com o fungo que pode provocar meningite.

“Acho que cada uma tem medo de a outra desenvolver a meningite”, disse Literski, 57 anos, ao “New York Times”. “Ela está morrendo de preocupação comigo, e eu estou morrendo de preocupação por ela. Minha mãe tem 80 anos. Se ela ficar com meningite, terá poucas chances de sobreviver”.

As duas terão que aguardar semanas, ou talvez meses, até saber se estão fora de perigo - o que só vai acontecer passado o período de incubação desse tipo de meningite, que pode provocar derrames cerebrais.

Cerca de 14 mil pessoas em todo o país estão na mesma situação angustiante: cientes de que podem ter sido infectadas e aguardando para ver se adoecem.

O número de pessoas que contraíram a doença chega a 208, das quais 23 morreram, num surto nacional vinculado a um medicamento contaminado produzido pelo New England Compounding Center, de Framingham, Massachusetts.

Na Flórida, a 19ª pessoa confirmada de ter contraído a doença foi uma senhora de 66 anos, do condado de Marion. Três pessoas já morreram por causa da doença no estado.

Três lotes da droga - mais de 17 mil frascos - foram enviados a 23 estados americanos. A meningite e outras infecções contraídas por pessoas que receberam a injeção em outras partes do corpo, como no joelho, não são contagiosas.

Corrida contra o tempo Enquanto o número de casos aumenta a cada dia que passa, especialistas correm contra o tempo para tentar determinar quais entre os pacientes expostos têm as maiores probabilidades de contrair meningite.

Se conseguirem identificar os pacientes de alto risco, os médicos os poderão acompanhar intensivamente, com punções lombares e outros exames, na esperança de detectar a doença e tratá-la a tempo de prevenir suas complicações assustadoras.

O Departamento de Saúde do Tennessee, estado com o maior número de mortes (69 infetados e nove mortes), desde o dia 22, oferecem aos médicos um método para estimar o risco de um paciente e ajudar a decidir quão agressivo deve ser o acompanhamento.

Quanto antes o tratamento for iniciado, melhor. Os médicos não querem esperar até os pacientes ficarem gravemente doentes - mas precisam evitar tratar pessoas não contaminadas, porque os medicamentos têm efeitos colaterais intensos. Médicos que participam da resposta ao surto de meningite dizem que pode ser muito difícil determinar a piora dos sintomas de pessoas que provavelmente já estavam sofrendo de dor crônica.

Fungo A maioria dos casos de meningite foi provocada por um fungo chamado Exserohilum. As pessoas com sintomas graves foram hospitalizadas e receberam doses intravenosas altas de um antifúngico poderoso, o voriconazole, que pode provocar problemas hepáticos e renais, alucinações e arritmia cardíaca.

Quando os sintomas são leves, porém, e uma punção lombar encontra evidências de uma infecção em estágio apenas inicial, alguns pacientes podem ser tratados em casa, com comprimidos, disse a especialista em doenças fúngicas Carol Kauffman, da Universidade do Michigan. Não está claro por quanto tempo o tratamento deve ser mantido.