50 Tons de Vermelho - Ponto de Vista

Por Gazeta News

PT

Por Paulo Castelo Branco*

O PT de antigamente perdeu duas das suas mais importantes conquistas: a luta pelos direitos dos trabalhadores e a ética na política. O vermelho vibrante deu lugar ao cinza que é o que restou do velho discurso.

Recentemente, o ministro Almir Pazzianotto, profundo conhecedor da origem do Partido dos Trabalhadores, escreveu e publicou no Correio Braziliense texto intitulado “Gangsterização do Petismo”. Pazzianotto foi advogado do sindicato nascedouro do PT e descreve com riqueza de detalhes a ascensão e queda do pretensioso reich que deseja nos  submeter a longo período de domínio, tal qual governos que guilhotinam o povo de alguns dos nossos vizinhos.

Diz o experiente escriba: “É cruel acompanhar a catástrofe petista que, como tragédia grega, já se sabe como acabará, mas não há como evitá-la. Aos 35 anos de vida, em plena maturidade, o partido que um dia se arvorou ser imaculado vive o drama da desmoralização provocada por escândalos e desmandos em série, cujos protagonistas estão entre fundadores e dirigentes.

Quem se recorda dos primeiros anos da legenda, quando atraia o interesse de intelectuais, jornalistas, estudantes e desiludidos de outras agremiações, com propostas de moralização, justiça social, erradicação da pobreza, não compreende o que aconteceu com pessoas antes respeitadas, hoje condenadas ou alvos de investigações e ações criminais por crimes infamantes”.

Depoimentos como este, diariamente, são publicados na imprensa e nas redes sociais e são contestados por articulistas remunerados com dinheiro desviado, sabe-se lá de onde. São partícipes da fundação do até então partido dos sonhos de qualquer nação que saem a público, desmitificando os líderes para apontá-los como responsáveis pelo maior roubo  do erário nunca visto antes em qualquer país civilizado.

O vermelho vibrante se transformou em verde e amarelo para, depois, com a descoberta da ponta do iceberg apelidada de “Mensalão”, se transformar no cinza que hoje predomina nos seus governos. A incapacidade administrativa dos companheiros e a sede em transformar tudo em ouro - mesmo o negro do petróleo -  os levou a causar a ruína da nossa maior empresa,  além de desvios ainda não apurados em outras empresas públicas.

Os brasileiros e brasileiras, ainda tolerantes com o assalto ao dinheiro público, neste Carnaval, saíram às ruas, pacificamente, para desmoralizar o governo central e os outros que seguem o pior exemplo. Nos blocos, a alegria de voltar a se divertir sem ajuda oficial serviu de válvula de escape para colocar pra fora a frustração de ganhar e perder. Agora, as cores do partido estão mais para o preto e branco dos uniformes listrados usados pelos presidiários de antigamente. A impressão que se tem é que os administradores das penitenciárias usam a cor “laranja”em homenagem aos intermediários das falcatruas, por falta de coragem de usarem  o “vermelho”.

O mais simbólico fato desses dias momescos é a projeção do filme “50 Tons de Cinza” que chegou às salas de cinema com perspectivas de recorde de público. O filme, segundo as notícias, é a história de um psicopata milionário que seduz uma jovem e, com o consentimento dela, a submete à prática de sadomasoquismo; mais ou menos como estamos nós, brasileirinhos e brasileirinhas, pois foi com o consentimento de escassa maioria, que temos os olhos cobertos, somos algemados e submetidos a todo tipo de sofrimento.

Não assisti ao filme e não sei o final, mas pego a frase de Pazzianotto  para concluir sobre a nossa tragicomédia: “É cruel acompanhar a catástrofe petista que, como tragédia grega, já se sabe como acabará, mas não há como evitá-la.” * O autor é advogado no Brasil e escreve para o blog: www.blogpaulocastelobranco.com.br