500 De Reforma Luterana – Os Cinco Pilares

Por Silvana Mandelli

Denkmal-Martin-Luther
31 de outubro de 2017 celebramos os 500 anos da reforma luterana. Digo celebramos porque faço parte desta comunidade. Em 1517, o monge agostiniano Martin Luther, ou Martinho Lutero em português, pregou uma proposta de reforma nas portas da igreja de Wittenberg, debatendo a doutrina e prática de indulgências praticada pela Igreja Católica. O que eram as indulgências? Indulgência é a remissão, total ou parcial, da pena temporal devida, para a justiça de Deus, pelos pecados que foram perdoados, ou seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado. Espertamente na época, o Papa Leão X resolveu dar indulgências em troca de esmolas para a construção da Basilica de São Pedro em Roma. Martin Luther se revoltou com estes e outros abusos da Igreja Católica e elaborou uma proposta que é popularmente conhecida como as 95 teses, que foram pregadas na porta da Igreja do Castelo (Schlosskirche). A princípio não foi um ato de provocação ou desafio. A Igreja do Castelo estava na rua principal de Wittenberg, e a porta da igreja funcionava como um quadro de avisos públicos e, portanto, o lugar lógico para colocar as notícias importantes. Além disso, estas teses foram escritas em latim, a língua da Igreja, e não em seu vernáculo alemão. No entanto, o caso gerou uma dura controvérsia entre Lutero e os aliados do Papa sobre uma variedade de doutrinas e práticas. Quando Lutero e seus seguidores foram excomungados em 1520, nasceu a tradição luterana. Interessante observar que Lutero tinha apenas 33 anos quando publicou sua tese. A venda de indulgências foi a gota dágua. Ao longo de três séculos o cristianismo espalhou-se pelo império romano. Duramente perseguido em seus inícios, recebeu a partir de Constantino um novo tratamento. Institucionalizou-se gradativamente e ao longo de vários séculos acabou se distanciando das bases evangélicas. Diversas pessoas procuraram chamar atenção para esta realidade. Buscaram reformas no interior da Igreja. Contestadoras, acabaram, ou assimiladas pela instituição, ou perseguidas, proscritas e mortas. A história da vida de Martin Luther se insere dentro do contexto de busca pelas origens evangélicas. Seus desencontros com a Igreja Católica tinham como pano de fundo a interpretação das Sagradas Escrituras. Seus esforços para chamar atenção de desvios e abusos de autoridade não encontraram eco e o levaram à excomunhão. O insucesso, no entanto, não freou o movimento da Reforma na Igreja. Martim Lutero tornou-se um dos principais protagonistas. Graças a grande receptividade o movimento se espalhou na Alemanha e em outros países europeus. Por causa da liderança de Lutero e também pelo fato de a sua pessoa ser o centro das tensões e dos conflitos com a Igreja Católica, as pessoas simpáticas e seguidoras do movimento começaram a ser chamadas de “luteranas”. Tratava-se no início de um xingamento de adversários e opositores. Martim Lutero opôs-se veementemente a esta designação. “Peço que meu nome seja calado e que ninguém se chame luterano, senão cristão. Quem é Lutero? Pois se a doutrina não é minha! Eu também não fui crucificado por ninguém.” Fala de si mesmo como um “pobre e fedorento saco de vermes.” A sua preocupação central girava em torno do resgate da verdade evangélica. Como formação eclesiástica independente o luteranismo tem sua origem por ocasião da aprovação da Confissão de Augsburgo em 1530. Esta confissão tornou-se um documento básico de todas as igrejas luteranas no mundo. Recebeu a adesão de fiéis em boa parte da Europa. Sofreu sérios reveses com as investidas da Contra-Reforma católica, mas acabou se consolidando principalmente na Alemanha, Suécia e demais países escandinavos. OS CINCO PILARES DA REFORMA é o ensinamento de que a Justificação (interpretada na teologia protestante como “sendo declarada apenas por Deus”) é recebida somente pela fé, sem qualquer interferência ou necessidade de boas obras. ESCRITURAS é o ensinamento de que a Bíblia é a única palavra autorizada e inspirada por Deus e é única fonte para a doutrina cristã, sendo acessível a todos CRISTO é o ensinamento de que Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade, e que não há salvação através de nenhum outro ( GRAÇA é o ensinamento de que salvação vem por graça divina ou “favor imerecido” apenas, e não como algo merecido pelo pecador GLÓRIA, SOMENTE A DEUS é o ensinamento de que toda a glória é devida somente a Deus, pois a salvação é realizada unicamente através de sua vontade e ação e não só da toda suficiente expiação de Jesus na cruz mas também o dom da fé em que a expiação é criada no coração do crente pelo Espírito Santo. Os reformadores acreditavam que os seres humanos, mesmo santos canonizado pela Igreja Católica Romana, os papas e a hierarquia eclesiástica não eram dignos da glória que lhes foi concedida, isto é, não se deve exaltar tais pessoas por suas boas obras, mas sim louvar e dar glória a Deus, que é o autor e santificador dessas pessoas e suas boas obras. Sempre fui uma grande admiradora da coragem de Lutero de se rebelar contra um sistema vigente e com todas as reformas propostas por ele. Chega de saber da Biblia pela interpretação de outros ( traduziu a Biblia para o alemão para que o povo tivesse acesso) chega de endeusar homens como nós ( papas) chega de dogmas e regras complicadas que só assustam ( Deus é amor e misericórdia) chega de intermediários ( posso falar diretamente com Deus, não preciso de intermediários) Assim, Lutero voltou ao básico e ao simples. Ao invés de uma porção de sacramentos valorizou o batismo e a comunhão, ao invés de dogmas e regras pregou responsabilidade com liberdade, ao invés de confissão aos homens, confissão diretamente a Deus e por ai afora. Esta identificação ficou tão clara, que quando fiz o estudo confirmatório do Batismo, o pastor escolheu para mim o mesmo versículo que era o norte de Martin Luther O justo viverá por fé, da carta de Paulo aos Romanos 1,17 Tenho muita vontade de fazer um tour pela Alemanha seguindo os passos de Luther. Enquanto ainda estou na vontade, já conheci a Catedral de Worms aonde ele foi julgado e excomungado em 1520.