5,7 milhões de peruanos escolhem Alan García para a Presidência.

Por Gazeta Admininstrator

O social-democrata e ex-presidente Alan García, de 57 anos, venceu o 2º turno das eleições no Peru. Com cerca de 77,3% dos votos apurados, García obteve a confiança de 5,7 milhões de eleitores. De acordo com o Escritório Nacional de Processos Eleitorais, essa marca equivale a cerca de 55,4% do total.

O resultado aponta uma diferença de mais de 1 milhão de votos sobre o nacionalista Ollanta Humala, que ficou com cerca de 4,6 milhões (44,5%) de votos.

O ex-comandante Humala reconheceu sua derrota, mas se mostrou satisfeito porque o nacionalismo conseguiu mudar "o mapa político no Peru".

"Conforme nosso compromisso democrático, reconhecemos os resultados e cumprimentamos as forças que concorreram representadas pelo senhor Alan García", afirmou Humala, após a divulgação dos resultados oficiais que deram a vitória ao social-democrata.

"Hoje começa a grande transformação", disse, ao ressaltar que "não se pode negar que o mapa político mudou no Peru", referindo-se aos resultados de seu partido, o União pelo Peru (UPP), no primeiro turno, quando se tornou a primeira força política do Congresso.

A UPP obteve 45 das 120 cadeiras da Câmara Legislativa nas eleições de 9 de abril, contra 39 do Partido Aprista Peruano, embora nenhum deles conte com maioria absoluta.

García venceu em apenas nove dos 24 Departamentos do país --os mais povoados, e obteve a maioria dos votos em Lima, onde vive um terço dos eleitores. O ex-comandante Humala ganhou em 15 Departamentos do sul andino e da selva peruana, as áreas mais pobres e menos povoadas do Peru.

Antes mesmo dos últimos resultados, García já havia se proclamado como o vitorioso num discurso frente a milhares de partidários em Lima. García voltará ao poder após governar o Peru entre 1985 e 1990, período em que lançou o país numa grave crise econômica. O novo governo tomará posse em 28 de julho. O mandato é de cinco anos.

Em seu discurso aos militantes, García afirmou que "hoje o país deu uma mensagem de independência nacional e de soberania ano ao derrotar o esforço do senhor Hugo Chávez de incorporarmos sua estratégia de expansão do modelo militarista e retrógrado que pretendeu implantar na América do Sul".

E acrescentou: "deve se entender que hoje o Peru disse não a tudo que represente penetração ou ingerência internacional e fico feliz que o eleitorado tenha sido contundente ao rechaçar a intenção de dominação que essas eleições indicavam".

O perfil de Alan García

Alan García Perez foi presidente do Peru entre 1985 e 1990, anos de profunda crise econômica e institucional e de muita violência.

Impopular e acusado de corrupção pelo governo de Alberto Fujimori, ele se mudou para a Colômbia depois do seu mandato.

De volta ao país após a queda de Fujimori em 2001 e depois de uma bem-sucedida campanha eleitoral, García voltou a conquistar o voto de grande parte do eleitorado peruano.

Em 2001, o candidato da Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana) obteve 25,8% dos votos e chegou ao segundo turno do pleito. Mas na votação final, García, com 47,5% dos votos, foi derrotado pelo atual presidente Alejandro Toledo.

García, de 57 anos, admite que durante o seu governo cometeu vários erros, mas nega as acusações de corrupção.

García tinha apenas 36 anos quando assumiu a presidência em 1985 e ressaltou em entrevistas recentes que é hoje uma pessoa mais prudente.

De uma família estreitamente ligada à história da APRA, García seguiu a tradição familiar ao entrar para a Federação Aprista Juvenil aos 17 anos.

Quando chegou à presidência, em 1985, García governou sob um boom econômico provocado por medidas populistas e um elevado gasto público.

Mas depois que o dinheiro acabou, chegou a hiperinflação (7.000% ao ano), o fim do crédito internacional e uma violenta ofensiva do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso.

García está em seu segundo casamento e tem quatro filhos. Ele ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições realizado no dia 9 de abril.