61% dos eleitores dos EUA apoiam emenda para substituir colégio eleitoral pelo voto popular

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_205572" align="alignleft" width="293"] Eleitores votam em cabines. Imagem: site gallup.[/caption] A caminho da eleição presidencial de 2020, três em cada cinco americanos (61%) são a favor de substituir o Colégio Eleitoral por um sistema de voto popular, marcando um aumento de seis pontos percentuais desde abril de 2019. As informações são da pesquisa do portal Gallup, divulgada nesta quinta-feira, 24. Essa preferência por eleger o presidente com base em quem recebe mais votos em todo o país é impulsionado por 89% dos democratas e 68% dos independentes. Muito menos republicanos, 23%, compartilham dessa visão, já que 77% deles apoiam a manutenção do sistema atual em que o candidato com mais votos no Colégio Eleitoral vence a eleição. A constatação faz sentido. Das cinco vezes que um candidato chegou à Casa Branca perdendo no voto popular, duas ocorreram nos últimos 20 anos, com as eleições de George W. Bush e Donald Trump. Antes deles, apenas John Quincy Adams, em 1824, Rutherford B. Hayes, em 1876, e Benjamin Harrison, em 1888, haviam conquistado a Presidência sem o voto popular. O atual presidente perdeu para Hillary Clinton por cerca de três milhões de votos, mas faturou o Colégio Eleitoral, com 290 votos, vencendo em 29 estados. O desempenho lhe rende até hoje o rótulo de presidente impopular. Em 2016, após a eleição de Trump, os entrevistados estavam divididos sobre a intenção de mudar o sistema eleitoral: 49% apoiaram a emenda à Constituição e 47% se manifestaram contrários a ela. Como funciona hoje Pela Constituição americana, cada estado tem direito a determinado número de delegados no Colégio Eleitoral, representando proporcionalmente a população do país. Com exceção de Maine e Nebraska, o candidato que obtém maior número de votos, ainda que a diferença seja por uma margem ínfima, leva todos os delegados do estado. Para assegurar a eleição o vitorioso precisa, portanto, conquistar 270 dos 538 votos do colégio. Daí a importância dos estados que não têm uma tendência definida -- os chamados swing states -- assumem a cada eleição, mais até do que a preferência popular. Alterá-lo, contudo, é complexo e exige o apoio de dois terços da Câmara dos Representantes e do Senado e de três quartos dos 50 estados. A realidade polarizada dos EUA inviabiliza qualquer tentativa de que a emenda passe, apesar do apoio popular. "Eu acredito que isso vá acabar na Suprema Corte, e eu acredito que é muito importante termos nove juízes", disse Trump ao ser perguntado se um quadro completo de ministros era necessário para lidar com quaisquer disputas nas eleições marcadas para o dia 3 de novembro entre ele e o democrata Joe Biden. Trump projetou suas dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral, dizendo sem apresentar evidências, que o uso da votação por correspondência durante a pandemia do coronavírus levaria a fraudes. "Esse golpe que os democratas estão tentando fazer, é um golpe, um golpe que irá para a Suprema Corte dos Estados Unidos, e eu acredito que uma situação em que os votos estejam empatados em 4 x 4 não é uma boa situação", disse. Apenas uma eleição presidencial norte-americana, a disputa entre o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore, em 2000, teve seu resultado determinado pela Suprema Corte.