As autoridades americanas ordenaram no domingo(17) a retirada do mercado, em todo o País, de 65 mil toneladas de carne congelada procedentes de um matadouro da Califórnia, alvo de investigação por maus-tratos ao gado. A empresa responsável, Hallmark/Westland Meat Packing Co., com sede em Chino, na Califórnia, fornece carne, entre outros, para escolas públicas, supermercados e grandes cadeias de fast-food. A medida afeta também a Flórida.
O USDA (Departamento de A-gricultura dos Estados Unidos) informou que se trata da maior retirada de carne na história do país. O último grande recall desse tipo ocorreu em 1999, quando 16.000 toneladas de carne foram retiradas do mercado.
Cerca de 17 mil toneladas foram adquiridas por escolas públicas e outros programas de alimentação em nível federal. O Departamento de Agricultura descreveu a retirada de produtos como de “classe 2”, o que significa que existe um risco baixo de contrair uma doença para aqueles que te-nham consumido a carne de animais sacrificados no matadouro.
O Condado de Broward recebeu mais de 18 toneladas de carne da empresa Westland, desde janeiro de 2007. A última leva chegou às escolas uma semana antes de iniciada a investigação federal.
A empresa Hallmark/Westland optou pela retirada de todos os seus produtos bovinos fabricados desde 1º de fevereiro de 2006. Autoridades do USDA não souberam informar que quantidade do produto ainda está no mercado.
O secretário norte-americano de Agricultura, Ed Schafer, assegurou em comunicado que a agência tem provas de que a Hallmark/Westland não seguiu os requisitos de inspeções veterinárias e violou as regulações vigentes.
“O Serviço de Inspeção e Segurança Alimentícia determinou que o gado não é apto para o consumo humano porque não foi objeto das apropriadas revisões”, afirmou Schafer em comunicado. O documento acrescenta que foi iniciada investigação imediata. “Pela notificação de possíveis violações dos regulamentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, começamos, imediatamente, uma investigação e suspendemos o fornecimento dos produtos deste frigorífico para o Programa Nacional de Merenda Escolar, Programa de Assistência em Alimentação de Emergência e o Programa de Distribuição de Alimentos em Reservas Indígenas”, afirmou o secretário de Agricultura na página de internet da USDA.
As autoridades suspenderam as operações na Hallmark/Westland depois que um vídeo obtido em uma operação da agência mostrou que empregados da empresa usavam técnicas abusivas para forçar animais doentes a se manter em pé para passar por uma inspeção prévia a seu sacrifício.
Dois funcionários da empresa foram acusados de maus-tratos a animais. A companhia ainda não foi processada, mas há uma investigação em andamento.
Alguns dos lotes já foram consumidos, mas as autoridades federais afirmaram que nenhum caso de intoxicação alimentar nas escolas foi notificado.
Nesse caso, “acreditamos que o estoque de carne em questão está saudável, mas o recall é importante e nós acreditamos que é essencial que os pais saibam que as escolas retiraram esses produtos de circulação”, disse Schafer.
O presidente do Comitê de Agricultura do Senado, Tom Harkin, afirmou em comunicado que o USDA deve reforçar suas medidas de inspeção antes que os animais sejam sacrificados para impedir problemas como estes.
“Durante quanto tempo vamos conti-nuar colocando à prova nossa sorte com fracas normas para o cumprimento das regulações de segurança alimentícia?”, perguntou Harkin, senador democrata por Iowa.
Representantes da Associação de Produtores de carne dos EUA disseram concordar com a ação, uma vez que, segundo dirigigentes da entidade, só assim é possível assegurar que o produto final chega aos consumidores nas melhores condições possíveis.
- Apoiamos todas as ações realizadas pela agência norte-americana de Agricultura neste matadouro, como medida de precaução. Os produtores de carne acham que é importante que todos os procedimentos de segurança sejam seguidos – disse Kim Essex, representante da associação.
