7 bilhões de bocas: 20% delas, famintas

Por Gazeta News

Em apenas 12 anos, a população do Planeta Terra cresceu em 1 bilhão de habitantes. O número é assombroso, alarmante.

Especialmente porque 90% desses novos habitantes do planeta nasceram em países miseráveis ou, na melhor das hipóteses, nos “países em desenvolvimento”, os quais se sabe muito bem a esmagadora maioria dos nascimentos se dá nas faixas mais carentes das populações.

As estimativas das Nações Unidas dão conta de que, em 2025, a população do planeta atingirá 8 bilhões e esta é a marca que muitos cientistas apontam como “crítica” para que se atinja o máximo potencial de produção de alimentos. O que não significa que esses alimentos chegariam às bocas desses 20% famintos - muitos dos quais até sem água.

Em um mundo imerso em total desinteresse pelas questões coletivas e públicas (não importando se o sistema é o capitalismo selvagem ou o comunismo “de fachada”), ninguém se dá conta de que cada vez mais o abismo entre os poucos que têm muito e os muitos que têm nada, serve de ignição a um devastador “barril de pólvora” que, historicamente, é responsável pelas revoluções e derramamentos de sangue.

O que mais preocupa os estudiosos é que paralelamente ao crescimento da população em países já com enormes populações, é que o conjunto de iniciativas governamentais e não governamentais para combater a fome e a sede, têm sido meros paliativos.

Além do montante e eficácia dos programas e iniciativas serem superadas enormemente pelo tamanho da carência, hoje vive-se a mais grave crise de corrupção em toda a história da humanidade, onde até mesmo governantes do mais alto escalão e chefes de estado são acusados de fazerem uso político ou simplesmente roubar doações e dinheiro desses programas.

À população pobre e faminta, resta apenas a resignação de viver a esmola e sensibilidade de alguns idealistas, outros artistas de Hollywood em busca de uma “causa fashion” ou dos famosos políticos de ocasião tentando ser a “manchete do dia” com alguma bravata assistencialista.

Mas o que pode “virar o jogo”? Bem, a História está repleta de lições.

A corrupção é hoje um problema tão grande quanto a fome, o desemprego e a crise na educação dos povos. Porque ela se instala em todos os níveis do relacionamento humano. Seja na Indonésia, onde os deputadores e senadores “cobram” propinas para poder, usando sua influência política garantir empregos de funcionários públicos. Ou no México, onde a simples concessão de um benefício previdenciário aos idosos, só acontece depois de pagos diversos subornos.

A corrupção encontra terreno fértil para se expandir com a explosão populacional. Quem mais cresce é a chamada “base da pirâmide”, que, de sólida não tem nada. É uma base que luta pela sobrevivência da forma que lhe é possível. Comendo insetos e pequenos répteis no norte da África, ou vivendo um dia-a-dia sem nenhuma perspectiva de vida, como em quase todos os países superpopulosos do planeta.

Enquanto isso, a classe média do mundo, entretida com seus próprios problemas burgueses e seu dilema entre quais as grifes a serem consumidas, se comporta como se não tivesse nenhuma responsabilidade pelos famintos. O preço a ser pago pode ser alto e, o que é pior, vai “sobrar” para as novas gerações que intelectualmente parecem irremediavelmente lobotomizadas pelas novas tecnologias de entretenimento.

O sistema segue agindo como avestruz. Só vai se preocupar em fazer algo pelo “bilhão de miseráveis”, quando eles estiverem derrubando a porta da frente de suas casas.

Uma ressalva. Já se pode, até com certo melancólico orgulho, dizer que o Brasil dos últimos 20 anos tem sido um exemplo digno de esforço pela erradicação da fome. Ainda não estamos lá, mas a própria ONU reconhece que o Brasil é quem mais fez progresso nessa área.

O exemplo do Brasil tem servido para nós, mas está longe de ser uma plataforma imitada pelos demais países. O que o sistema quer copiar do Brasil são nossos progressos na área de energia e o formato de nosso mais recente “milagre econômico”.

O sistema, segue mesmo, como avestruz.