70% das mulheres que atravessam a fronteira são violentadas

Por Gazeta News

Todo ano, cerca de 45 mil mulheres, a maioria de países da América Central, entram no México sem documentos imigratórios, para chegar à fronteira com os Estados Unidos. Dessas, pelo menos 70% sofrem algum tipo de abuso sexual, segundo a ONG Anistia Internacional.

A estatística contrasta com os números divulgados pelo governo mexicano, que alega que o o número de agressões a imigrantes “foi reduzido significativamente”. Mas, entidades como o Centro de Assistência a Imigrantes Retornados, em Honduras, também afirmam que a violência sexual contra mulheres imigrantes só tem aumentado.

“A violência não diminuiu; ao contrário, aumentaram as agressões às mulheres”, disse à “BBC” Valdette Willemann, uma das responsáveis pela organização.

Por tudo isso, o conselho que circula entre as indocumentadas é o de sempre tomar pílula antes de viajar. O método mais usado é a aplicação do Depo-Provera, um anticoncepcional que as protege por três meses. Na América Central, essa pílula é chamada de “injeção anti-México”. Às vezes, são os próprios traficantes de pessoas, os conhecidos “coiotes”, que aconselham  elas a tomarem esses medicamentos. O aviso é repetido ao longo de toda a rota até o norte. E desde o início, muitas mulheres assumem que as agressões sexuais “fazem parte dos custos da viagem para o México”.

Frequentemente, os agressores são agentes do Instituto Nacional de Migração (INM), que pertence ao governo mexicano – e também existem denúncias de abusos de policiais e militares.

Os “coiotes”, membros de gangues e moradores de aldeias por onde passam as imigrantes no trajeto também cometem abusos, segundo as denúncias. Os ataques ocorrem em praticamente todo o país, ainda que organizações civis e autoridades tenham identificado alguns pontos específicos que são mais perigosos.

Um desses é o corredor entre Huehuetenango, na Guatemala, e Comitán, em Chiapas, no México. Nesta zona, abusos, roubos, extorsões e sequestros são frequentes. O caminho se chama “Gracias a Dios” (Graças a Deus).

Todo mês, segundo Diana Damián Palencia, diretora da ONG Foca, há registros de quatro ou cinco assassinatos de mulheres. Fonte: BBC.