In-state tuition: universidade torna-se mais acessível para jovens indocumentados
Mas uma aprovação no Senado da Flórida está mudando o futuro de alguns milhares de jovens, independente de sua situação imigratória. No dia 1º, os senadores da Flórida votaram a favor do projeto de lei que permite imigrantes indocumentados pagar as mesmas taxas (in-state tuition) que residentes em universidades públicas, desde que tenham frequentado uma escola da Flórida por pelo menos três anos antes de se formar no ensino médio. A nova lei também irá limitar o aumento das mensalidades em universidades estaduais, baixará o valor do programa de poupança estudantil Florida Prepaid e relaxará a exigência de residência a veteranos para pagarem o “in-state tuition”.
Após debater o projeto, patrocinado pelo senador Jack Latvala (R-Clearwater), 26 senadores votaram a favor e 13 votaram contra. Com o projeto sendo transformado em lei, a Flórida
passa a ser o 20º estado a oferecer o in-state tuition para imigrantes indocumentados. “Finalmente, a Flórida se juntou a outros Estados com muitos imigrantes para fazer a coisa certa, fiquei muito feliz em saber”, disse o brasileiro Jonathan Rodrigues, que acompanha e faz pressão pela reforma imigratória.
A notícia fez o governador Rick Scott chamar a aprovação do projeto pelo Senado como algo “histórico”. “É um dia emocionante para cada estudante que sonha com uma educação universitária”, disse ele, em coletiva. “Crianças que crescem neste estado agora poderão pagar o mesmo valor que seus colegas”.
Após pequenas alterações que devem ser feitas, o projeto retorna ao Senado, para nova aprovação, antes de ser enviado para a mesa do governador para ser assinado em lei. Scott prometeu que assinará a nova lei.
Felipe já terminou o bacharelado em administração de empresas e, hoje, é beneficiado pelo Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA). Apesar de estar concentrado no trabalho na Organização Get Equal e não ter planos de embarcar em um mestrado no momento, ele diz que a nova lei é histórica e fica feliz que uma luta que começou em 2004, finalmente, teve um bom resultado, dez anos depois.
Em declaração, o Florida Immigrant Coalition disse: “Essa vitória está acontecendo graças ao trabalho duro dos que têm se dedicado a isso nos últimos dez anos e por causa da liderança de nossos jovens”.
Felipe espera que ninguém passe pelas dificuldades que ele passou para estudar em uma faculdade. “O mais importante é que esta lei foi aprovada pelos dois partidos e espero que o mesmo aconteça em Washington”, observou.
Depois de terminar o ensino médio, o jovem passou um ano trabalhando para juntar dinheiro e conseguir pagar pela mensalidade da faculdade. Ele entrou no Miami-Dade College, em 2006, onde conseguiu uma bolsa privada por causa de suas boas notas. “Esta bolsa pagava por 1/3 da minha faculdade. Ou seja, em vez de pagar três vezes mais, eu pagava duas”, relata. “Em 2008, terminei a faculdade com as melhores notas e fiquei entre os melhores do país e isso ajudou na minha seleção para outras faculdades”.
Felipe entrou na St. Thomas University, em Opa Locka, onde também conseguiu bolsa de estudos. Em paralelo, ele trabalhava em restaurantes para pagar pela mensalidade, já que a bolsa não era total. “Eu terminei a faculdade sem dívidas, pois por ser indocumentado, não podia pedir financiamento nem do governo e nem do banco. Mesmo assim, trabalhando das 4pm às 2am e pegando o ônibus da escola às 8am, eu consegui me formar”.
No Florida Atlantic University, o valor anual caiu de $21 mil dólares para $6 mil, publicou o “Sun Sentinel”. No Broward e Palm Beach State College, foi de $11 mil para $3.100 dólares.
Florida International University e o Miami Dade College começaram a oferecer o “in-state tuition” no ano passado, mas outros esperaram por uma decisão do estado.
Desânimo Daniel Delvalle, de 19 anos, de Palm Springs, relatou ao “Sun Sentinel” que os altos preços das universidades têm causado desânimo entre os jovens terminando o high school. “Eles não tinham esperança de entrar em uma faculdade”, disse.
A FAU informou que tem 110 alunos indocumentados que poderiam se beneficiar da nova lei, enquanto o Palm Beach State College tem 112 e o Broward tem 110. Ainda há tempo para a inscrição para o segundo semestre, dizem as faculdades. “Eu não acho que haverá um grande impacto, a não ser que eu esteja totalmente desatualizada quanto ao número de alunos imigrantes na região sudeste da Flórida”, declarou Gary Perry, da administração da FAU. *Com informações da agência “AP’ e do “Sun Sentinel”.
