79% da população é a favor da decisão de Bush.

Por Gazeta Admininstrator

Washington, quarta-feira 17 – A decisão de enviar cerca de 6000 soldados para fronteira divide opiniões, porém 79% da população diz ser a favor. O discurso feito em rede nacional nessa segunda-feira(15) pelo presidente norte-americano, George W. Bush, sobre a imigração aparentemente surtiu pouco efeito no Congresso e pouco avançou em direção a um meio-termo. Críticos de esquerda e da direita consideraram sua abordagem imprópria.

As decisões de Bush de enviar a Guarda Nacional para fortalecer a vigilância na fronteira com o México e de oferecer aos imigrantes ilegais uma chance de obter cidadania não agradam aos republicanos conservadores, ao mesmo tempo em que deram aos democratas uma nova frente para atacar a liderança do presidente.

Os governadores dos estados da fronteira também não gostaram das decisões

Por um outro lado, de acordo com levantamento feito pelo canal de TV CNN, logo após o término do discurso, os cidadãos norte-americanos foram mais tolerante. Segundo a pesquisa há uma reação "muito positiva" ou "algo positiva" por parte de 79% dos entrevistados. Mas uma das audiências prioritárias para Bush, os deputados republicanos que apóiam uma abordagem linha-dura contra a imigração, foi consideravelmente mais dura.

"Estamos buscando algo que nos ajude a obter um acordo, e o presidente piorou a situação", avaliou o deputado republicano Dana Rohrabacher.

Ele e outros conservadores recriminaram os projetos do presidente quanto a criação de um programa de "trabalhadores-convidados" que deixa livre o caminho para a regularização dos imigrantes. De acordo com eles, trata-se de uma forma de anistia para quem viola a lei.

Bush nega que o plano seja uma anistia e disse que ele só abre caminho à cidadania para quem pagar uma multa e impostos, aprender inglês e demonstrar estar empregado. Ele rejeitou a deportação em massa dos quase 12 milhões de clandestinos. "Precisamos de um verdadeiro compromisso, e não de jogos de palavras", disse Rohrabacher. "Ele insultou um monte de gente e não demonstrou liderança."

O senador Jeff Sessions, também republicano, acredita que Bush precisa de uma abordagem mais vasta para o polêmico tema. "Uns poucos passos, inclusive convocar a Guarda Nacional, por mais significativos que sejam, não vão mudar a ilegalidade penetrante do nosso sistema de imigração para um que funcione, e o povo americano sabe disso."

De acorndo com análises feitas por especialistas, o pronunciamento de Bush, transmitido em rede nacional de TV, foi uma tentativa de dar rumo às discussões que ocorre no Senado sobre as leis de imigração.

O projeto do Senado, que autoriza a imigração temporária de trabalhadores como caminho para a cidadania, deve ser conciliada com a lei já aprovada na Câmara que criminaliza a imigração clandestina e prevê a construção de uma cerca na fronteira com o México. Ciente da crescente influência dos imigrantes hispânicos, Bush tenta "amolecer" os conservadores de seu partido, e por isso defende o programa de "trabalhadores-convidados".

Daniel Griswold, analista de comércio e imigração no Instituto Cato, conservador, disse que Bush está tentando adaptar o debate em um único tópico em que, "com tantas partes em movimento, ninguém ficará completamente satisfeito". "O presidente não precisava fazer uma reviravolta dramática. Só precisava dar energia e impulso a um processo que está em andamento", afirmou.

Mas os democratas consideram que Bush não está sendo eficaz no comando do debate. "Agora ele deve se erguer diante dos membros de direita do seu partido, que trabalham para bloquear a ação do Senado", disse o líder da oposição no Senado, Harry Reid.

Nos estados da fronteira, vários governadores elogiaram a atenção ao tema, mas se queixaram por não terem sido consultados sobre o envio de tropas, que consideram uma medida provisória. "Ainda não está claro que impacto apenas 6 mil soldados da Guarda Nacional terão na segurança da fronteira", disse o governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. "Acho que colocar soldados da na fronteira é uma solução ‘band-aid’, e não a solução permanente de que precisamos."