A ascenção do Brasil na arena mundial

Por Gazeta Admininstrator

A atual crise econômica mundial está proporcionando um espetáculo diferente na arena das negociações das grandes potências planetárias. Entre as novidades importantes está a retórica diferente, usada pelos chefes-de-estado dos 20 países economicamente mais importantes do mundo, em busca de um entendimento maior entre as grandes forças econômicas.

Outro fato novo é a relevância com que a globalização é tratada por esses países.

Nacionalismos à parte, a globalização de mercados, meios de produção e mão-de-obra é um fato inexorável.
Mas há, para nós brasileiro, um terceiro e muito significante fato novo. A ascenção do Brasil a um nível de respeitabilidade e credibilidade internacional, que não imaginaríamos anos atrás.

O Brasil é citado, analisado, dado como exemplo, debatido e colocado no centro das atenções. Nossas conquistas, nossa trajetória recente, nossa capacidade de reversão das expectativas negativas, tudo está contribuindo para colocar nosso país num “time” que muitos julgavam impossível, mesmo a médio prazo, quanto mais curto.

Certamente o presidente Luís Inácio Lula da Silva colhe os frutos de sua inteligente decisão em não mexer nos 10 anos anteriores de positiva condução da economia nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

São, de fato, 16 anos de políticas econômicas estáveis, de crescimento contí-nuo, de expansão em quase todos os vetores da economia do país. Num cenário mundial que se “acostumou” a ver o Brasil, dos anos 70 e 80 como “eterno refém” do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, a visão do Brasil, equiparado a Índia como potência emergente, é muito mais do que apenas uma luz no fim do túnel.

E o que representa a entrada do Brasil – pela porta da frente, diga-se de passagem – nesse “clube” que decide, nem tanto de direito, mas inexoravelmente de fato – os destinos do planeta? Representa muito.
De nação “não séria”, como um dia nos difamou o ex-premier francês Charles De Gaulle, a “exemplo”, como hoje nos definem os principais mandatários do mundo, o Brasil passou por quatro décadas de extraordinária transformação, emergindo de uma ditadura militar que teve como um de seus poucos méritos medidas importantes na modernização de áreas como tecnologia, transporte e comunicações, para um sistema democrático pluripartidário que funciona plenamente.

E desde que caiu definitivamente a “máscara” das grandes potências, hoje enxovalhadas pela corrupção e desmandos administrativos, a fama de país “corrupto” e “desrespeitador dos direitos humanos” vem cedendo à imagem de um país que busca a integração social, racial, étnica e cultural, de forma pacífica, como não ocorre em nenhuma outra parte do mundo.

A maior contribuição do “Brasil nova potência” a um planeta em estado deplorável de “desgoverno” é justamente a natureza pacífica de nosso progresso. Conversando com colegas jornalistas de diversas partes do mundo em recente evento em New York, pude atestar – com inegável orgulho, não escondo – a perplexidade com que esses profissionais reconhecem que as coisas no Brasil mudam – e melhoram – sem que haja derramamento de sangue por motivos políticos.
Sim, temos chagas abertas como o abismo social entre os muito ricxos (5%) e os muito pobres (35%).
A violência urbana ainda é um traço muito visível de nossa imagem no exterior e um desafio nacional de proporções ini-magináveis.

O tráfico de drogas (diretamente resultante da questão abordada no parágrafo anterior) exige do governo uma postura afirmativa que ele ainda não se sentiu motivado a dar, e nem a sociedade cobrou efetivamente uma solução para esse câncer nacional.
Mas a imagem do Brasil no mundo, em 2008, é muito mais a imagem do crescimento econômico, da tecnologia de ponta representada pelo Etanol e pela indústria aeronáutica civil. Da capacidade industrial representada por um dos maiores, mais diversificados, competitivos e eficientes parques industriais do mundo moderno e por uma cultura pujante que se espalha por todo o mundo de forma avassaladora, seja através da música, do cinema, das artes visuais ou mesmo do futebol.

Admitamos que,”deitado eternamente em berço esplêndido’ o Brasil já não está há muito tempo. E que seríamos um dia “o país do futuro”, acho que posso correr o risco de dizer que esse futuro já está chegando. Muitos de nós que imaginávamos ser Utopia ver o Brasi, falando de igual para igual com as grandes nações do mundo, já estão sentindo esse gostinho. E o gosto é muito bom.