A conta do furacão chega em janeiro

Por Gazeta Admininstrator

A conta do furacão chega em janeiro
FPL tem lucro de $ 3.5 bi e usuários vão pagar 19% de aumento
Com variações de proporção é raro encontrar alguém que não tenha sofrido algum tipo de prejuízo nas regiões por onde passou o furacão Wilma, quase nada nem ninguém escapou.
O prejuízo de todos foi prolongado pela demora no restabelecimento de energia elétrica. No final, todos terão que tirar do próprio bolso o dinheiro para recompor o prejuízo. Algumas das raras exceções são a Florida Power & Light e seus acionistas. A empresa vai passar adiante para os seus 4.3 milhões de usuários a conta para reparar os danos causados pelos furacões Katrina, Rita e Wilma, estimados em mais de meio bilhão de dólares. A partir de 1 de janeiro, o aumento médio nas contas de luz será de 19%, para cobrir os gastos da empresa com reparos e combustível para geração de energia. Os dividendos da FPL continuam sendo distribuídos normalmente a seus acionistas, e as ações da empresa na bolsa de valores, vão bem obrigada. Nos últimos cinco anos o faturamento líquido da FPL foi de US$ 3.5 bilhões.
A autorização para reajuste das tarifas foi aprovada por uma comissão chamada Public Service Comission, composta por cinco membros indicados pelo governo do estado. A FPL tem o monopólio de fornecimento de energia em praticamente todo o estado, e a mesma estória tem se repetido ao longo dos anos. Em 1992, os reguladores aprovaram um plano a partir do qual a FPL tinha o direito de cobrar de seus clientes um percentual médio de 23% sobre os valores mensais com o objetivo de formar um fundo de reserva para cobrir danos causados por furacões. “Seguros para nossas linhas e postes de energia, as partes mais vulneráveis do nosso sistema, tornaram-se proibitivos por causa do custo”, disse o porta-voz da FPL Bill Swank.
Em 2004 o fundo arrecadou US$ 354 milhões. A empresa informou ter gasto os recursos na reparação de danos causados pelo furacão do ano passado, e disse necessitar de adicionais US$ 533 milhões. No início deste ano os reguladores aprovaram praticamente todo o valor pleiteado. Para o conselheiro público do estado e advogado especializado em direito do consumidor, Harol McLean, os membros da comissão foram “generosos” com a FPL. “A comissão deveria fazer com que eles dividissem os custos e não apenas cobrassem exclusivamente dos consumidores”, criticou o advogado. A opinião é compartilhada pela Associação Comercial da Flórida e por empresários da área industrial.
De acordo com McLean, duas outras companhias de energia que operam no estado, Gulf Power e Tampa Eletric, concordaram em assumir o prejuízo de dezenas de milhões de dólares causado por furacões esse ano. A FPL, conta ele, não quis sequer discutir um acordo. O advogado diz que parte do dinheiro que a FPL reclama para recompor os estragos do furacão é referente à manutenção rotineira. “Eles queriam nos cobrar pelo salário de seus próprios empregados. Nós já pagamos para que eles estejam na rua trabalhando. Por que nós deveríamos pagar outra vez?” questiona McLean, lembrando que em Wall Street isso é chamado de regulação construtiva, referindo-se à tendência dos reguladores de conceder à FPL a maioria de seus pedidos.
Recentemente durante uma reunião com executivos da FPL, informa o jornal Sun-Sentinel, o analista de mercado financeiro Michael Goldenber da Luminous Management, disse que a FPL tinha “sorte” de gozar de “um relacionamento muito amigável com o grupo de reguladores e commissioners”.
Alguns políticos estão agora com os olhos voltados para as regulações que autorizam a FPL a manter seus altos lucros enquanto os clientes absorvem os custos. O Advogado Geral da Florida, Charlie Crist, candidato a governador, pediu aos legisladores para modificar a legislação. “Não se deveria esperar que a população da Flórida arque sozinha com esses custos”, disse Crist.