Ser otimista é quase que uma obrigação, um estado natural do ser humano, que o impulsiona a enfrentar os proble-mas de frente.
Mas lado a lado com o otimismo, é fundamental que estejamos atentos à realidade e aproveitando as lição do “aqui e agora” para pautarmos o nosso dia-a-dia, nosso planejamento pessoal e coletivo.
Depois de muita “novela” inútil, muita escamoteção e farsa politiqueira, finalmente as grandes instituições norte-americanas assumiram que o país está em recessão e que o que muitos já sabiam, passa a ser fato “oficial”: 2008 é ano para ser encarado com redobrada vigilância.
Para a população em geral, a crise de materializa das formas mais óbvias.
O fantasma
Maior dificuldade em se arranjar emprego, alta exagerada de preços em quase todos os itens de abastecimento e o surgimento de um “fantasma” que nós brasileiros conhecemos bem: a inflação.
Inflação? Isso mesmo. Ela em si não é uma novidade porque os Estados Unidos, como qualquer economia livre, têm uma inflação, ainda que seja muito baixa e só perceptível em maior escala quando se compara preços com diferença de mais de 5 anos.
Ao contrário das espirais inflacionárias com as quais tanto convivemos no Brasil, quando chegamos ao ponto de termos infação de mais de 300% ao ano.
A inflação norte-americana raramente ficou acima da taxa de crescimento do PIB anual do país. O que pode ocorrer na atual recessão “moderada” como ainda insistem alguns analistas, é uma inflação acima das expectativas mais pessimistas.
E a idéia, recentemente difundida por algumas autoridades monetárias do país, de que, hoje, o Brasil seria muito menos sensível a uma recessão nos Estados Unidos, não é totalmente verdadeira.
Há que se reconhecer que o crescimento da economia brasileira e um maior equilíbrio na diversidade dos parceiros comerciais do nosso país, são fatores que arrefeceriam o impacto de uma recessão mais forte nos Estados Unidos. Mas ain-da assim, a crise norte-americana que, segundo os analistas ainda deverá durar até meados de 2009 ou até início de 2010, tem todo o potencial para causar sérios estragos no Brasil.
Reflexo mundial
Os Estados Unidos ainda são, isoladamente, o maior importador de produtos brasileiros e, há bastante tempo, o Brasil não exporta apenas matérias-primas. Somos exportadores de produtos industrializados, alguns de altíssima tecnologia, como aviões. Também exportamos serviços das mais variadas espécies. Uma retração nessas demandas por parte dos consumdiores norte-americanos, afetará brutalmente importantes setores da economia brasileira, geradores de milhares de empregos e bilhões de reais em impostos.
A China, por exemplo, sofreria enormemente com uma recessão norte-americana prolongada. A grande vantagem dos chineses é que, crescendo há vários anos com médias anuais de dois dígitos, o país apenas “desaceleraria” seu crescimento voraz.
“Eu já vi esse filme”
Para o imigrante brasileiro, conviver com inflação, carestia e empregos difíceis é enfrentar uma realidade com a qual ele conviveu durante anos a fio no Brasil. O positivo é que se sabe, por razões históricas, que a economia norte-americana se recupera rápido e de forma que refaz as perdas e volta a crescer velozmente. Foi assim após todas as recessões mais significativas desde o grande “crack” da Bolsa de New York, em 1929.
Não há razões para deixar o pessimismo tomar conta da vida da gente na América. Mas, sim, para exercitarmos mais cautela ao definir prioridades, consumir produtos e definir metas econômicas e financeiras. Na verdade, a recessão sempre esconde em si um incrível potencial de oportunidades e de ganhos.

