A “Felicidade” como disciplina escolar

Por Arlaine Castro

felicidade
No segundo semestre de 2018 na Universidade de Brasília (UnB) vai introduzir uma nova abordagem acadêmica: o estudo vivencial da felicidade. Esta é a primeira vez que a disciplina é ministrada em uma instituição superior pública do Brasil. Em escolas de ensino fundamental da Alemanha ela já é ministrada há mais de 10 anos. A adoção da disciplina foi inspirada nas universidades de Harvard e Yale e quer proporcionar aos alunos condições para enfrentar as adversidades da vida – tanto acadêmica quanto pessoal – e ajudá-los a encontrar algo que "faça sentido para si e para os outros", explicou o professor titular, Wander Pereira da Silva, ao G1. De acordo com oplano de ensino da UNB, a disciplina vai "apresentar estratégias comportamentais e cognitivas que possam auxiliar o estudante a lidar com os fatores estressores do dia a dia". Satisfação e competência para a vida são a meta da disciplina na escola da Alemanha, segundo o texto “Assim é a Alemanha”. Ou seja, faz parte buscar e encontrar o sentido da vida. Ela vem com a segurança nas relações interpessoais, relações sociais, aceitação própria, domínio do ambiente próprio e desenvolvimento pessoal. Isso, segundo o site ww.deutschland.de pode ser dividido em quatro questões no aprendizado: Quem sou eu? De que eu preciso? O que eu consigo fazer? O que eu quero? Os alunos aprendem a perceber os seus sonhos e necessidades, formulando metas a partir disso e encontrando caminhos para realizá-las. Mas eles também se ocupam do fracasso. É importante aprender também desde cedo, como encarar corretamente as derrotas, entendendo-as como chance para poder vencer melhor os desafios futuros. Até a Índia, conhecida por ter um sistema rígido de educação, criticado por exigir a memorização de conteúdos e por gerar estresse na infância, adotou a disciplina. As crianças que estudam em escolas públicas voltaram das férias e descobriram que a nova disciplina vai fazer parte da grade curricular. O governo diz que busca o bem-estar dos alunos. Tudo isso faz parte da importância de se manter uma boa saúde mental. Inserir uma disciplina que sai do “padrão” e com a qual se poderá discutir a vida, e ainda coletivamente, é abrir perceber que o ser humano precisa muito mais manter o equilíbrio mental acima de tudo. Na verdade, a ideia de felicidade tem grande importância para a origem da filosofia. Ela faz parte das primeiras reflexões filosóficas sobre ética, que foram elaboradas na Grécia antiga. E tão importante é o tema que existe a Felicidade Interna Bruta(FIB) ouGross National Happiness(GNH), um conceito de desenvolvimento social criado em contrapartida aoProduto Interno Bruto(PIB). Adotado no Butão na década de 70, enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento têm como objetivo primordial o crescimento econômico, o conceito FIB baseia-se no princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana surge quando o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento material são simultâneos, assim se complementando e reforçando mutuamente. Ou seja, abordar a felicidade na grade curricular não está tão “fora do padrão”. Pelo contrário, se faz necessária em tempos em que as pessoas mal se olham na rua, matam por uma vaga no estacionamento ou pelo barulho do apartamento ao lado.