A insônia custa caro

Por Gazeta Admininstrator

Dificuldades para começar e manter o sono podem acontecer eventualmente. Porém, quando se tornam frequentes, passam a ser um problema de saúde. Perda de produtividade, faltas ao trabalho e uso de álcool e remédios para dormir afetam a economia pessoal e do país.

Pesquisadores canadenses estudaram o efeito econômico da insônia e seus custos diretos e indiretos. Segundo os especialistas, o volume total de custos pode chegar a 1% do PIB. Em 2002, os gastos gerados com a falta de sono foram 6,5 bilhões de dólares canadenses na província de Quebec.

A produtividade no trabalho é o fator mais importante na conta das perdas geradas pela insônia. As pessoas que têm problemas para dormir podem perder, em produtividade, o equivalente a 28 dias por ano. Além da perda de produtividade, muitos não conseguem cumprir seus compromissos profissionais e faltam, em média, 5 dias por ano devido aos problemas para dormir.

Na tentativa de conseguir, frequentemente, o álcool é uma das armas que os insones tentam. O custo estimado dessa estratégia, segundo a pesquisa canadense, pode chegar a mais de $300 milhões por ano. Além desse custo o tratamento médico dos problemas com o sono e os medicamentos prescritos pelos médicos levam algo em torno de 100 milhões de dólares/ano.

A insônia fica caracterizada, segundo os critérios usados na pesquisa, quando alguém tem dificuldades para dormir ou manter o sono mais de três vezes por semana pelo menos por um mês. A pesquisa canadense está publicada na edição de janeiro da revista “Sleep”, da Associação de Sociedades do Sono.

Insônia
A insônia não é definida pelo número de horas de sono ou pela dificuldade de dormir. As pessoas, normalmente, variam na sua necessidade e na sua satisfação com o sono. A insônia é o sono inadequado ou de baixa qualidade devido a um ou mais dos seguintes fatores:

• Dificuldade para iniciar o sono;
• Acordar frequentemente durante a noite, com dificuldade para voltar a dormir;
• Acordar muito cedo pela manhã;
• Sono não revitalizante.

A insônia pode causar problemas durante o dia, tais como cansaço, falta de energia, dificuldade de concentração e irritabilidade.

A insônia pode ser classificada como transitória, intermitente e crônica. A insônia por uma única noite ou por poucas semanas é chamada de transitória. Se os episódios de insônia transitória ocorrerem de tempo em tempo, a insônia é chamada de intermitente. A insônia é considerada crônica quando ocorre na maioria das noites e por um mês ou mais.

A insônia ocorre em homens e mulheres de todas as idades, embora pareça ser mais comum nas mulheres (especialmente, após a menopausa) e em pessoas com 60 anos de idade ou mais velhas.

Causas de insônia
Existem muitas causas de insônia. A insônia transitória e intermitente geralmente ocorre em pessoas que estão temporariamente passando por uma ou mais dessas situações:
• estresse;
• barulho no ambiente;
• temperaturas extremas;
• mudança no ambiente;
• problemas com os horários de sono;
• efeitos colaterais de medicamentos.

A insônia crônica é mais complexa e frequentemente resulta de uma combinação de fatores, incluindo distúrbios físicos e mentais. Uma das causas mais comuns de insônia crônica é a depressão. Outras causas incluem artrite, doença nos rins, insuficiência cardíaca, asma, apnéia do sono, narcolepsia, síndrome das pernas inquietas, doença de Parkinson e hipertireoidismo.

Entretanto, a insônia crônica pode também ser devido a fatores comportamentais, incluindo o abuso de cafeína, álcool, ou outras substâncias; interrupção do ciclo sono/vigília, e pode ocorrer também com mudanças no trabalho ou outras atividades noturnas e estresse crônico.
Além disso, os comportamentos a seguir podem perpetuar a insônia em algumas pessoas:

• Expectativa e preocupação com a dificuldade para dormir;
• Ingestão excessiva de cafeína;
• Ingerir bebida alcoólica, antes de ir pra cama;
• Fumar cigarros, antes de ir pra cama;
• Cochilos excessivos durante o dia;
• Horários irregulares ou interrupções frequentes do ciclo sono/vigília.

Esses comportamentos podem prolongar a existência da insônia, e podem também ser os causadores primários do problema com o sono. Parar com esses comportamentos pode eliminar a insônia.

Consequências da insônia
Uma única noite sem dormir bem já pode trazer prejuízos e, quanto maior a privação do sono, maior serão os efeitos da insônia. A falta do sono pode afetar múltiplos aspectos de uma pessoa, sendo a habilidade de atenção o maior deles. São frequentes os lapsos, popularmente chamados de “pescadas”, durante o dia, que podem atrapalhar nas atividades.

A insônia crônica é mais complexa. É frequente, durante períodos de insônia secundária, o aumento da fadiga e sonolência diurna. Entretanto, algumas pessoas com insônia crônica são muito alertas, durante o dia, mesmo com a diminuição das horas de sono, o que suporta a hipótese de que a insônia seja um distúrbio de hiperatividade.

Os distúrbios mais comumente associados à insônia são os psiquiátricos, entre os quais, a depressão é o mais frequente. A prevalência de distúrbios psiquiátricos está em torno de 40 a 50%. É tradicionalmente aceito que a insônia seja secundária aos distúrbios psiquiátricos mas, em alguns casos, a insônia pode preceder o distúrbio psiquiátrico.

As pessoas com insônia apresentam maiores taxas de faltas na escola e trabalho, acidentes, diminuição da produtividade, diminuição da qualidade de vida, e piora da memória.

Diagnóstico
As pessoas com insônia devem ser avaliadas por um médico, que irá avaliar sua história médica e de seu sono. Estudos do sono podem ser recomendados, mas apenas se houver a suspeita de que o paciente tenha um distúrbio primário do sono, como apnéia obstrutiva do sono ou narcolepsia.

O que fazer para acabar com a insônia?
O tratamento da insônia irá depender do seu tipo e causa. Quando a insônia é secundária a um outro distúrbio, esse deve ser tratado.

Alguns medicamentos podem ser usados no caso de insônia transitória como os benzodiazepínicos, não devendo ser usados por mais de uma semana. Quando a dor aguda for à causa da insônia deve-se utilizar analgésicos para o controle da dor.

Na insônia crônica, os antidepressivos podem ser apropriados em caso de distúrbios psiquiátricos.
O uso prolongado de benzodiazepínicos deve ser evitado devido à possível tolerância e dependência.

Alguns cuidados importantes devem ser tomados para se obter um bom sono:

• Manter um ciclo regular de sono/vigília. Levantar cedo da cama pela manhã, mesmo que não tenha tido um bom sono;
• evitar cochilos durante o dia e no lugar dos cochilos, fazer exercícios;
• preservar a cama para o sono e sexo. Evitar outras atividades na cama, como ler ou assistir televisão;
• minimizar o consumo de álcool e evitar a cafeína a tarde e a noite. Não comer alimentos de difícil digestão logo antes de ir para a cama;
• garanta um ambiente propício para o sono com temperatura agradável, silêncio e escuro;
• se alguma coisa o preocupa e está lhe tirando o sono, coloque o problema para descansar escrevendo-o em um papel e colocando-o de lado até de manhã;
• não fique tentando cair no sono por muito tempo, pois isso só irá piorar as coisas. Se você não conseguir dormir, após 20 a 30 minutos, levante da cama, faça algo relaxante, e volte para a cama quando você sentir sono;
• e, por último, evite a automedicação. Procure sempre um médico que irá avaliar o tipo de insônia e indicará o melhor tratamento.