A passagem de Oto Agripino Maia e o futuro de nossa comunidade

Por Gazeta Admininstrator

O Embaixador Oto Agripino Maia acaba de concluir duas semanas de périplo por seis estados norte-americanos e a capital Washington, quando pôde sentir de perto o peso e a relevância da comunidade imigrante brasileira nos Estados Unidos.

Nessa jornada, ele teve oportunidade, graças aos eventos dos quais participou como convidado de honra em Fort Lauderdale, além dos que foram realizados em torno de sua visita em Boston, Hartford, Newark, New York e Pompano Beach, de manter contatos diretos com importantes lideranças brasileiras em território norte-americano.

Saiu positivamente surpreendido. E se confessou abertamente estar impressionado com o que viu no Sul da Flórida, tanto no aspecto socio-cultural (no Focus-Brazil e no evento da Primeira Igreja Batista Brasileira do Sul da Flórida) quanto na exuberância cultural exibida pelo Press Award, também ressaltou a organização e a mobilização comunitária de base em regiões como Boston e New Jersey.

Se para o Embaixador Oto Maia a visita foi uma revelação, para nós, comunidade imigrante de brasileiros, foi a constatação que, de fato, a linha de conduta do governo brasileiro a partir da administração Lula, é definitivamente conduzida com seriedade e consistência.

Brasília está prestando atenção aos brasileiros que vivem fora do país. E se engana quem diz que as atenções ocorrem unicamente por razões pragmáticas, como o volume de dólares remetidos, anualmente, por imigrantes nos Estados Unidos para o Brasil - quase 8 bilhões em 2007.

Seria desonesto não reconhecer os investimentos em melhoria acentuada dos serviços consulares, criação de instrumentos como a importantíssima carteira de registro consular, o impulso em atividades econômicas e cultu-rais e uma série de outras iniciativas.
Existem razões políticas, sociais, cultu-rais e humanitárias que já exigiam, há muito tempo, uma atenção do governo federal para as populações brasileiras no exterior.

Outras administrações tiveram essa oportunidade. Mas as decisões só vieram nos anos mais recentes e esse méerito não se pode jamais tirar do atual governo.
Em que a passagem do Embaixador Oto Maia pode fazer diferença na vida de cada imigrante brasileiro, individualmente?
Muita. A começar pela oportunidade que ele teve – e reconheceu isso com humildade e pragmatismo – de conhecer de perto as muitas “caras” que a comunidade brasileira tem na América. Muito, mas muito longe mesmo do “monolito” exibido por outras comunidades. Nossas reinvindicações ga-
nharam um interlocutor direto – sem demérito para o excelente trabalho que a embaixada e os cônsules das recentes gestões têm, inegavelmente, desenvolvido. Isso é muito importante.

A vinda de Oto Agripino Maia (diplomata e político de enorme prestígio no país) influenciará positivamente e despertará ainda mais atenção para uma de nossas maiores reinvindicações: representação política no Congresso Nacional.

Sim, queremos um ou dois ou até três depu-
tados federais que representem os brasileiros dos Estados Unidos, do Japão e da Europa, na Câmara de Deputados. Alguém duvida da capacidade e da legitimidade de Silair de Almeida, Adriana Sabino, João de Ma-ttos, Roberto Lima, Lineu Vitale, Matilde Vosnjuk, Edilberto Mendes, Fausto Rocha, e tantos outros?

Há comunidades claramente distintas dentro da comunidade brasileira na América. Há regiões com diferentes níveis de organização comunitária e, conseqüentemente, diferentes níveis de discurso reinvidicatório. Pelo visto, a todos Oto Maia dedicou o mesmo nível de atenção e respeito.

Desculpem os leitores mais freqüentes deste editorial se eu insisto nisso, mas o fato de estar aqui há 20 anos militando diariamente na comunidade, e em todo o país, me dá pelo menos uma visão bem ampla dessa importante mudança de atitude.

Podemos sim, esperar por estratégias e políticas de governo voltadas para as comunidades imigrantes de brasileiros no exterior. Um gigantesco passo será dado nos dias 17 e 18 de julho no Rio de Janeiro no I Encontro Mundial da Diáspora Brasileira, que pretende reunir, sob os auspícios do Itamaraty, as mais expressivas lideranças do “Brasil que vive fora do Brasil”.

Quem sabe o quanto era “utópico” pensar em algo desse gênero, pode avaliar o significativo progresso que esse evento representa.