A praga Ricardo Teixeira - até quando ? - Editorial

Por Carlos Borges

O futebol é a instituição privada mais poderosa do mundo.

A FIFA tem mais países filiados do que as Nações Unidas.

O futebol é o único esporte efetivamente mundial.

A simples disputa por uma vaga na Copa do Mundo já causou diversas guerras entre países, causou assassinatos, atritos diplomáticos e multidões em protesto nas ruas, por conta de arbitragens suspeitas.

A relação da FIFA com os países que sediam as Copas do Mundo beira o bizarro. A FIFA se posiciona como um “deus” acima de qualquer lei ou constituição. E a “paixão” dos futeboleiros diz “amém” porque no “planeta bola” não há espaço para mais nada que não seja relacionado com o universo da pelota.

Não é de hoje que muitos se revoltam contra o poderio absoluto das entidades do futebol. A FIFA é a vilã-mãe e, no nosso caso, a CBF é uma mega-vilã nacional. Uma ilha-principado, dominada pelo monarca Ricardo Teixeira, genro e herdeiro do ultra-monarca João Havelanga, que por décadas reinou no futebol do Brasil e em seguida, no mundial.

Não é de hoje que a CBF é definida como “uma ilha de autoritarismo cercada de corrupção por todos os lados”. E se o Brasil quer mesmo acabar com um dos maiores símbolos da corrupção e da indecência no país, teria mesmo que intervir na CBF.

Resultados manipulados, Copas vendidas, juizes ladrões punidos apenas “na aparência”, favorecimento escadaloso de dois específicos times de grande apoio popular, maracutais monumetais para alçar times tradicionais de divisões inferiores para a divisão principal, títulos arbitrariamente “divididos” para satisfazer um time infrator mas que tem “força política”, uso da entidade e da seleção brasileira em todo tipo de maracutaia.

O volume de acusações a Ricardo Teixeira faria qualquer ditador de república bananeira ir fazendo as malas para fugir enquanto é tempo.

Mas por que isso não acontece? Por que Ricardo Teixeira segue impune, distribuindo benesses e castigos ao bel prazer de seus caprichos de monarca?

A Presidenta Dilma está fazendo o que pode para não “entregar” o Brasil à FIFA e sua cambada de ladrões de casaca. Visivelmente tem dado um “gelo” fenomenal em Teixeira, que está “ruminando” seu ódio e vingança, com certeza pensando – “essa daí vai passar, eu fico pra semente”.

E fica mesmo. A forma como a CBF foi erigida é quase que um padrão-mais-que-perfeito para a eternização no poder pela via da corrupção. São as federações estaduais (27) com uma desproporcional quantidade de votos, quem elege e reelege infinitamente, o presidente. Os clubes, que são a razão de ser do próprio futebol, não têm voz.

Isso para nem mencionar as outras duas partes essencias do universo boleiro e que passam a milhas de distância do poder no futebol: jogadores e torcedores.

Aos poucos, ainda de forma tímida, surgem em várias partes do Brasil o movimento “fora Teixeira”, na esperança de que apareça alguém com espírito menos despótico e monárquico para gerir aquele que tem tudo para ser o melhor e mais reluzente futebol do mundo, mas que segue sendo um arremedo do que se têm em países muito menores, pelo menos futebolisticamente, como Espanha, Itália, Alemanha, França e Inglaterra.

Ao mesmo tempo, fica a pergunta: após anos de “modelo monárquico ditatorial”, quem seria o “salvador da pátria de chuteiras”?

Os donos do poder no futebol, em sua maioria, parecem odiar justiça e democracia. Semeiam a desunião e o conflito para reinarem. Usam a popularidade e a paixão em torno do futebol, para “cegar” o público e se colocar acima das nações, acima de tudo.

Todos perdem. Eles, os Blatt, Havelanges e Teixeras da vida, sempre ganham.

Em uma coisa o Sr. Ricardo Teixeira pode estar certo. A possibilidade de que Dilma esteja no poder apenas 4 ou 8 anos é bem maior do que a dele deixar de ser o rei tirano do futebol brasileiro.

A nós, que amamos o futebol, a justiça e a honestidade, resta apenas nos agarrarmos ao ditado: “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.