A psicologia do risco

Por Gazeta Admininstrator

A psicologia do risco é uma área complexa e de muita pesquisa acadêmica. Porém, não existem muitas análises práticas e simples disponíveis para as pessoas que estão interessadas em tomar boas decisões em suas vidas pessoais e no trabalho. Devemos compreender a natureza e características do risco, e algumas premissas são fundamentais para este entendimento: risco é a incerteza que importa. Mas pessoas diferentes se importam com coisas diferentes em uma extensão e circunstâncias diferentes. "Risco zero" é inalcançável e indesejável, pois encerra uma incoerência em sua própria definiçào . Todos aspectos da vida inteligente (incluindo negócios) envolvem riscos, então algum grau para correr risco é inevitável, mas devemos correr somente riscos apropriados em relação ao nível de retorno ( objetivo desejável ) que esperamos ou exigimos. Riscos incluem ambos os aspectos negativos (ameaças) e aspectos positivos (oportunidades) – ambos os tipos de riscos precisam ser endereçados de forma proativa, para minimizar ameaças e maximizar oportunidades. Considerando o risco pelo grau de importância e contaminação, vejamos os riscos sistêmicos: Quem não se lembra da crise financeira mundial que começou em 2008, onde milhões de pessoas, nos Estados Unidos e em todo mundo, perderam casas e empregos ? Muitos outros sofreram a angústia de temer que lhes ocorresse o mesmo, e muitos dos que pouparam dinheiro para a aposentadoria ou para a educação dos filhos viram seus investimentos reduzirem a apenas uma fração do seu valor. A crise que teve início nos Estados Unidos, logo se tornou global: dezenas de milhões de pessoas pelo mundo a fora perderam seus empregos – só na China foram 20 milhões. Temos hoje a Grécia "quebrada", Portugal teve um socorro recente da Comunidade Européia, a Irlanda do Governo Inglês e a Espanha tem hoje 60% da classe mais jovem desempregada, além dos problemas das contas públicas, sendo que os bancos europeus possuem US$600 bilhões de títulos deste país. Este cenário já esta sendo chamado de "O novo Lehman Brothers". No Brasil , o setor imobiliário que teve a maior alta do mundo nos últimos dois anos, segundo pesquisa da Revista Exame/IBOPE, os preços subiram 25% em 2010 e mais de 50% em dois anos. No entanto, no primeiro trimestre de 2011, segundo pesquisa divulgada pelo SECOVI - SP ( órgão patronal do setor) revela-se que as vendas na capital paulista – considerada um dos principais mercados do país – caíram 49,6%, e em relação a março de 2010 o recuo chegou a 61,8%. Ao mesmo tempo, o volume de lançamentos na capital paulista também piorou entre fevereiro e março e teve queda de 47,3%. Os juros em alta e a desaceleração da economia são as explicações para tal fenômeno. Recente pesquisa feita por um grande banco brasileiro com os seus clientes, mostrou que 35% se arriscam mais do que deveriam em seus investimentos. Menos considerados, mas não menos indicati- vos, os riscos ambientais vem em um contexto de catástrofes com os recentes terremotos, tsunamis, enchentes, tornados, etc. Isso tem provocado enormes prejuízos no mundo todo. De acordo com a companhia de avaliação de riscos AIR Worldwide, apenas a tragédia de Fukushima, no Japão, gerou um volume de indenizações em torno de US$35 bilhões, o que a torna a segunda catástrofe mais cara para o setor de seguros, só perdendo para o furacão Katrina em 2008 nos EUA (custo de 45 bilhões). As estimativas apontam para um aumento global nos preços dos seguros entre 20% e 30%. Ignorar o risco é o maior risco de todos. Mas como já enfatizado, o risco é incerto e pessoas diferentes se importam com o risco de forma diferente. Para tentar minimizar este nível de exposição, devemos quebrar o "link" causa-risco-efeito de tal maneira que a ameaça não seja mais possível. Vejamos alguns exemplos: • Riscos que aumentam devido à falta de experiência podem ser evitados através da terceirização ou de parceria; • Fazer um "due diligence" é fundamental para qualquer compra ou associação corporativa; • Fazer um "checking" prévio sobre pessoas que irão trabalhar com você; • Fazer um seguro é um exemplo clássico de transferência de ameaça, embora cláusulas contratuais também possam ser usadas; • Em operaçòes financeiras internacionais, o risco embutido na taxa de câmbio pode ser removido utilizando somente moeda local ou os mecanismos de hedge. • Assim como os bancos possuem procedimentos de "Know your Client", você deve "Know your Bank" antes de qualquer investimento.