A questão do livro - Pense Green

Por Fernando Rebouças

De todas as mídias descobertas e desenvolvidas pela humanidade moderna, o livro é o mais antigo e mais resistente, não perdeu presença para a fotografia, para o cinema, para o rádio, para televisão e para a Internet. Até os dias atuais, se mantém com uma fonte de leitura e pesquisa de maior autoridade.

Porém, em tempos de sustentabilidade ambiental, o livro impresso tem sido questionado em virtude da alta disposição de papel para a sua composição e impressão, o que aumenta a demanda por corte de árvores para a fabricação de papel.

Recentemente, publiquei nesta coluna sobre os lados positivos e negativos do papel certificado (aquele monitorado desde o corte da madeira) e o reciclado (gerado a partir do reaproveitamento de um papel usado).

Quando entramos no século XXI, a música para ser replicada e ouvida por milhares de pessoas passou a não necessitar mais de suporte físico, sendo baixada em mp3 para ser ouvida em computador ou iPod. Em meado dos anos 2000, o livro digital ganhou um status mais ameaçador para a repetir a mesma experiência mercadológica e tecnológica da música e passou a ser indicado como algo mais sustentável do que o livro impresso, que consome diversas árvores e aditivos químicos para ser impresso em papel e tinta.

Sabemos que o livro impresso,mesmo utilizando papel certificado, reciclado e tinta de menor impacto ambiental, ainda necessita de projeto mais abrangente para ser 100% sustentável, uma das opções é o sistema POD (Print of Demand), quando o livro é impresso sob demanda para cada exemplar pedido.

Mas, será que o livro digital, lido no PC, no laptop, no kindle e no iPad é mais sustentável do que o livro impresso? Sabemos que, nos tempos atuais, financeiramente, o livro impresso é mais acessível, pois basta o leitor entrar na livraria com a quantia disponível, escolher o livro e sair lendo sem consumir botão ou bateria. O livro impresso basta ser aberto para ser lido, se faltar luz elétrica, ele pode ser lido à luz de vela ou ao ar livre durante o dia.

Já compreendemos que o livro impresso consome papel, tinta e combustível para ser produzido e consumido, mas não gasta energia e bateria como o livro digital em seus leitores digitais. O livro digital ofertado em pdf ou e-pub não gasta papel, tinta e combustível, mas para ser lido exige que o leitor tenha acesso a Internet, um equipamento eletrônico (tablet) que gasta placas eletrônicas que um dia serão jogadas no lixo e aumentarão as montanhas de lixo eletrônicos (e-waste) nem sempre reciclados corretamente, principalmente em países menos emergentes e desenvolvidos.

Não sou contra o livro digital, acho que ele irá se expandir como forma mais barata e rápida de troca de conhecimento, mas creio que o livro impresso nunca será extinguido, ganhará nova visão mercadológica e ambiental para vender e poluir menos. Agora, e o livro digital? Conseguirá extinguir o contexto de lixo eletrônico que sua popularidade gerará? Lixo eletrônico que aumentou no mundo com a popularização do celular e dos microcomputadores. Vale a pena pensar.