A recessão: chegada ao fundo do poço

Por Gazeta Admininstrator

Por Aloysio Vasconcellos*

A grande notícia desta semana é que, realmente, a luz do fundo do túnel está ficando mais forte. As notícias vindas da Europa e da China são de que as principais economias européias e a China já não estariam em recessão e os Estados Unidos ainda continuaria com um quadro recessivo, mas com a perspectiva de que, até o fim do ano, dele se afastaria. Enfim, as boas novas começam a surgir.< ?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 

No Brasil, cuja administração inicialmente se vangloriou de que nada, ou muito pouco, lá seria afetado, em consequência da recessão mundial, para este ano já não há mais segredo de que a economia irá contrair-se em torno de 1% . Mas, como as coisas por lá são noticiadas na base do conta-gotas, pode-se esperar por algum numero um pouco maior. A perspectiva, por agora, é de que no ano que vem o índice de crescimento deverá ser de 3 a 3.5%, mas estes augúrios super otimistas já não enganam ninguém. Há que se esperar a realidade dos fatos e dos números. Entretanto, será um ano de eleição presidencial e se o partido governista quiser assegurar sua manutenção no poder terá que apresentar receitas milagrosas, o que a muitos atemoriza. Vamos ver como fica.

 

Onde está baseado o otimismo nas principais economias mundiais? Números recentemente publicados dão conta de que o preço do barril de petróleo subiu 85%, desde fevereiro passado, tendo ultrapassado recentemente $60 o barril, o que não se via há 6 meses, tudo isto motivado pelo dólar barato, o que atrai investimentos diretos nos Estados Unidos e a compra de produtos "madre in USA", além do crescente apetite por investimentos de maior risco, como commodities.

 

O aumento do preço do petróleo imediatamente impactou as matérias primas, elevando o preço do açúcar ao patamar mais elevado nos últimos 3 anos, alem do trigo e o estanho a seus maiores níveis desde Janeiro passado. O principal índice de commodities a nível global, o S&P GSCI, também subiu 20% este ano. Estes indicadores certamente apontam na direção  de que os mercados de commodities ultrapassaram  o medo de um desastre total e absoluto, conforme  alguns pressagiavam.

 

A China reaparece como a origem do aquecimento, embora inicial, do mercado de commodities, dada sua decisão estratégica de aproveitar-se da baixa de preços, estocando commodities. Apesar do otimismo gerado, alguns observadores preferem atribuir aos especuladores, sempre de plantão,  Hedge Funds e alguns Fundos de Pensão, na busca por melhores resultados,  a razão para esta reativação de mercado, já  que os fundamentos econômicos continuam enfraquecidos. Pelo sim, pelo não, preferimos olhar 

otimisticamente para os acontecimentos, já que qualquer que seja a natureza das operações, se de motivação eminentemente financeira ou estratégica, resultam na circulação de bens, assim novamente gerando empregos e riqueza.

 

Internamente nos Estados Unidos, também são boas as noticias vindas do mercado imobiliário residencial. Os especialistas são quase unânimes em dizer que os preços estão se ajustando e que o mercado devera estar estabilizado nos próximos trimestres.

 

Certamente contribui para este avanço na recuperação do mercado a acentuada queda de preços verificada, em alguns casos chegando a reduções de 40-60% dos valores históricos dos imóveis. O grande número de Foreclosures e Short Sales, alem de um estoque enorme de casas prontas favoreceram um ajustamento de preços que já propicia maior nível de negócios imobiliários. Os mais moderados preveem em meados de 2010 uma completa estabilização de preços e, pasmem, o reinicio de uma retomada gradual no valor dos imóveis residenciais.

 

Apesar do otimismo que já começa a despontar, recomendamos ao leitor não se deixar contaminar pela euforia. Ainda vamos ter que conviver com o cinto apertado, mantendo o emprego e controlando os níveis de gastos; comprar somente o que for necessário; ceder a tentação de especular em imóveis, exceto aqueles que tenham em poupança os recursos para tal; se adquirir algum imóvel, opte por um financiamento tradicional, a juros fixos. Ainda vamos precisar de um pouco mais de paciência e perseverança, mas já vemos, com nitidez, a luz ao fim do túnel. E não é do trem não.

 

* Aloysio Vasconcellos: Presidente, Brazilian Business Group / BBG, Advogado no Brasil (RJ); MBA (Thunderbird, The American Graduate School of International Management); Post Graduate, International Commerce, Universite de Paris (Sorbonne I); Ex-Vice Presidente do Citibank N.A., New York/Brasil; Xerox; Esso Brasileira de Petróleo; Consultor Jurídico do Estado Maior da Armada (Brasil).