A vaidade do ser humano

Por Gazeta Admininstrator

A vaidade do ser humano sempre exis-tiu, mas a naturalidade da mulher em se expressar sempre foi maior. A vaidade masculina, contudo, veio ganhando espaço nas últimas décadas. Mais à vontade para mostrar seu desejo de tornar-se atraente, o homem foi estimulado pela nova ordem dos mercados.

Tanto no próprio íntimo como no universo profissional existe hoje uma cobrança maior pela boa apresentação. A boa aparência gera mais autoconfiança e, como conseqüência, melhor produtividade.

De acordo com os médicos, entre os tratamentos corporais mais procurados estão a lipoaspiração, que no homem é mais realizada em áreas como o abdômen e os “pneus” (difíceis de serem retirados com a ginástica), e a cirurgia para ginecomastia, que é a correção das mamas masculinas; atualmente a procura para colocação de próteses nas pernas e no peito para dar um aspecto mais atlético têm sido maior.

Também o transplante de cabelo, que com as novas técnicas obtém resultados bem me-lhores, é um dos mais procurados. O aspecto final é mais natural, podendo assim diminuir um dos complexos mais antigos do homem em relação ao seu visual.

Para se ter maior segurança, melhores resultados e uma recuperação mais rápida, exames e tratamentos pré e pós-operatórios devem ser feitos de acordo com a cirurgia ou tratamento não cirúrgico a ser realizado. Alguns cuidados com a escolha do profissional devem ser tomados: procure saber com amigos que ficaram satisfeitos a indicação do médico, procure saber se o médico é cirurgião plástico membro de entidades de classe de Cirurgia Plástica; sinta segurança e confiança neste profissional tirando todas as dúvidas.

Cosmética
A cosmetóloga Eunice Aguiar diz que os homens estão começando a perder a vergonha de se cuidar.

- O que eles mais pedem são correções de oleosidade da pele e tratamentos para fechar os poros. Nos tratamentos masculinos, aplico esfoliantes para revigorar o rosto - diz Eunice, que atende desde o adolescente com acne, ao executivo que quer melhorar a pele e exige discrição total sobre a consulta.

Na lista dos serviços mais procurados pelo público masculino estão os de limpeza de pele, manicure, pedicure, depilação, aplicações de toxina botulínica e terapias de combate ao estresse, tais como sessões de massagem terapêutica, shiatsu e banhos especiais, entre outros.

Homem que é homem usa hidratante para as mãos (para o corpo, e para os pés), creme anti-rugas e, de vez em quando, até faz limpeza de pele.

Plástica para tirar o papo ou dar uma esticada no rosto? Não é impossível que ele faça um dia, caso seja realmente necessário. Uma pesquisa feita pela empresa de consultoria 2B Brasil Research, com 400 homens, mostra que vai longe o tempo em que desleixo era sinônimo de masculinidade. Eles estão, sim, mais vaidosos. Deixaram de contentar-se com dar uma roubadinha no creme da mulher ou da namorada. Querem um lugar na pia do banheiro para seus próprios frascos, potes e bisnagas. Alguns homens, diz a pesquisa, chegam a gastar até 15% de seu salário com tratamentos de beleza.

A prova de que vaidade masculina se tornou muito mais do que um assunto para preencher páginas de revistas é que gigantes da indústria de cosméticos lançaram recentemente linhas inteiras só para eles. A alemã Nivea colocou no mercado cinco novos produtos para homens. O pacote Nivea for Men inclui esfoliante facial, gel de limpeza, uma espuma para barba cerrada e outra para refrescar a pele, além de loção pós-barba para diferentes tipos de epiderme. A luxuo-sa marca suíça La Prairie vende agora uma espécie de calmante da pele para depois da barba, um hidratante com ação antioxidante (de 135 dólares), um gel para o contorno dos olhos (para combater rugas e olheiras), um gel bronzeador e uma loção para o corpo. A linha da americana Zirh tem até um corretor para disfarçar marcas no rosto e um fortificante para folículos capilares. Dá para imaginar hordas masculinas adentrando farmácias e perfumarias para comprar esses troços? Não? Pois os executivos da indústria de cosméticos reviram seus conceitos e contam com isso. Eles projetam um crescimento de 15% ao ano do mercado de cosméticos masculinos, contra apenas 3% do de produtos femininos.

Vaidade, é bom que se esclareça, nunca foi uma prerrogativa feminina. Mas os homens costumavam expressá-la de uma forma que excluía a preocupação cotidiana com a pele ou com os cabelos. Era um impulso que, delimitado por rígidos códigos sociais, os levava apenas a comprar uma gravata bonita, um terno bem cortado ou um relógio vistoso. Quando esses códigos se afrouxaram um pouco, eles puderam buscar também, sem que isso fosse motivo de vergonha, músculos mais bem delineados. A adesão à cosmética é a quebra do último tabu que restava à plena manifestação da vaidade masculina.

Foi um moralista francês elevado ao panteão da glória literária, Jean de La Fontaine, que escreveu que não se deve julgar os outros pelas aparências. Foi um homossexual irlandês que chafurdou na lama da condenação moralista, Oscar Wilde, que disse que só os tolos não julgam pelas aparências. O dado curioso é que o mundo do trabalho formal hoje pende mais para a ironia de Wilde do que para a máxima de La Fontaine. A aparência soma vários pontos a favor na hora de selecionar profissionais. O pressuposto é o de que o funcionário também compõe a imagem pública de uma empresa. Esse fato de ordem concretíssima colaborou bastante para que os homens deixassem de ter receio de usar produtos de beleza.

Existe, ainda, uma outra causa, esta de ordem eminentemente cultural: a disseminação da cultura gay. Por mais paradoxal que possa parecer, foram os gays que ensinaram o cami-nho das pedras aos homens heterossexuais. Eles foram os primeiros a lançar mão com regularidade de produtos cosméticos. Também foram eles os grandes impulsionadores da diversificação da moda masculina, que até pouco tempo atrás era um tanto monótona.