Absolvição de Casey Anthony comove americanos e a comunidade

Por Gazeta Admininstrator

Marisa Arruda Barbosa

A absolvição de Casey Anthony, a mãe de 25 anos acusada pela morte de sua filha Caylee, de 2 anos, em 2008, comoveu a América, e virou o assunto principal das redes de TV e mídias sociais. Pessoas, em sua maioria mulheres, fizeram fila na porta do tribunal onde o julgamento aconteceu em Orlando às 5:30 da manhã para conseguir ingresso para assistir o julgamento.

Heather Spaniol, de 33 anos, foi de Las Vegas até Orlando e dirigiu direto do aeroporto para o tribunal para ficar na fila, de acordo com o “New York Times”. A morte da menina de dois anos tocou tanto Spaniol que ela quer estudar direito e lutar pelos direitos das crianças. Já Marcia Frye, de 47 anos, do Texas, resolveu voar para Orlando em suas férias para acompanhar esse julgamento histórico.

As mulheres na fila disseram ao “New York Times” que foram particularmente tocadas pela morte de Caylee e pela suposta negligência da mãe. “Eu assisti o caso por três anos e chorei muitas lágrimas por essa menininha”, disse Spaniol. “Todas nós estamos aqui por Caylee”.

“Caylee’s Law”

Pessoas se agruparam para acompanhar o julgamento de Casey não só na frente do tribunal, como em todo o país. O momento do veredito foi acompanhado de lojas de conveniência, pela internet e residências por toda a parte. Tanto que uma mulher em Oklahoma decidiu começar uma petição para a criação de uma lei chamada “Caylee’s Law”.

Uma das partes que mais comoveu pessoas no julgamento foi o fato de que Casey não notificou autoridades sobre o desaparecimento de sua filha, o que levou o júri a considera-lá culpada pelo crime de mentir para investigadores. Caylee foi vista pela última vez em 16 de junho de 2008, mas sua avó, Cindy Anthony, só notificou a polícia no dia 15 de julho, um mês depois.

Michele Crowder, de Oklahoma, que é mãe de duas meninas, alega que os pais têm que notificar o desaparecimento de um filho imediatamente, e iniciou uma petição no site Change.org e uma página no Facebook pedindo para o Congresso criar uma lei, a “Caylee’s Law”, que faria um crime o fato de os pais ou guardiães de uma criança não notificarem sobre o desaparecimento de uma criança.

Mais de 37 mil pessoas assinaram a favor da criação da lei em menos de 24 horas depois da decisão do júri.

Comunidade brasileira acompanha o caso

Não foram somente os americanos que se comoveram com o caso. Logo após o júri anunciar a sentença de que Casey é inocente, brasileiros pronunciaram-se no Facebook, com um misto de indignação e surpresa.

Denise Schneider iniciou ao postar um link sobre a decisão falando que “tira o chapéu” para a defesa de Casey. A partir daí, outras pessoas expressaram suas opiniões sobre o caso.

Scheneider, que é paralegal, disse que ficou chocada com o veredito. “Eu não tenho dúvidas que ela tenha tido envolvimento na morte da filha, baseado nos fatos dos acontecimentos. Por que fazer um acidente natural parecer com homicídio?”, disse ao Gazeta. “Para mim a mãe é culpada, por isso o meu choque. Mas, vendo o caso pelo lado profissional, pois sou paralegal e fascinada por “litigation”, não posso negar que o time de defesa fez um excelente trabalho e infelizmente o veredito do júri é baseado em evidências tais que a promotoria não produziu”.

“Em primeiro lugar quero grifar que em minha opinião, o sistema jurídico dos Estados Unidos é e continua sendo o melhor do mundo”, disse a advogada Ingrid Domingues McConville. “Isto sendo dito, como mãe estou abismada com a decisão do júri, como advogada estou sem palavras”.

McConville disse não crer que a defesa tenha ganhado o caso, mas que a promotoria ‘perdeu’. “Embora em um caso criminal a promotoria tenha que provar ‘beyond a reasonable doubt’ (além de qualquer dúvida aceitável, em tradução livre) cabe ao promotor usar argumentos que levem o júri a chegar a uma conclusão em seu favor. Umas das primeiras coisas que aprendi na área criminal da faculdade de direito, é que ao começo de qualquer julgamento criminal o promotor deve iniciar seu caso avisando/alertando o júri que a defesa irá usar táticas, provas e argumento confusos e sem nexo somente para confundir o júri. Foi exatamente isto que aconteceu, em minha opinião. A defesa usou o que, na minha faculdade chamávamos de ‘defesa velcro’, ou seja, você atira tudo que pode imaginar com a esperança que ‘vai colar’ e confundir”.

“Talvez seja melhor ter 1000 pessoas culpadas sendo julgadas como inocentes, do que uma pessoa inocente ser julgada culpada”, disse McConville, ao explicar uma teoria, acrescentando não saber se concorda com tal argumento. “Eu não tenho dúvida que ela (Casey Anthony) cometeu o crime, não creio que foi homicídio de primeiro grau, mas gostaria de perguntá-la uma coisa somente: qual mãe não reporta sua filha desaparecida durante um mes e leva uma vida de festa, boates, etc?”

Carlos Gutto Siqueira, produtor de TV e presidente da BrazilTV.com, ao comentar sobre a decisão, disse que houve evidências, mas nada que comprovasse o envolvimento de Casey na morte, mas ele diz achar que ela deveria ter sido considerada culpada pela omissão da morte da filha. “Muitas perguntas ficaram sem ser respondidas”.

Siqueira se diz desconfiado com o sistema judiciário americano. “O O.J. Simpson se livrou das acusações de assassinar a ex-esposa, e agora Casey se livra também? Tem coisa errada”, comenta.

Casey Anthony é absolvida da acusação de assassinato da filha

Um júri da Flórida inocentou Casey Anthony no dia 5, acusada pelo assassinato de sua filha de 2 anos, Caylee.

Anthony foi inocentada das acusações de homicídio em primeiro grau, homicídio agravado e de abuso infantil, mas a condenou por dar falsas informações aos detetives que investigaram o caso.

Se tivesse sido condenada por assassinato em primeiro grau, Anthony poderia receber a sentença à pena de morte. Mentir para os detetives é uma acusação de menor gravidade e deve render uma sentença menor.

Caylee foi vista pela última vez em 16 de junho de 2008, mas seu desaparecimento só foi relatado um mes depois, quando a mãe de Casey, Cindy Anthony, exigiu saber onde estava sua neta.

A promotoria alegava que Anthony usou clorofórmio para deixar a filha inconsciente e então a sufocou até a morte ao colocar fita adesiva sobre sua boca e o nariz. A promotoria alega ainda que ela teria colocado o corpo no bagageiro de seu carro, onde teria ficado por vários dias. Já em decomposição, o corpo foi jogado em um bosque perto de sua casa, em Orlando.

Segundo a acusação, ela estaria cansada de ter de cuidar da menina, que teria atrapalhado sua vida amorosa. Quando foi à polícia pela primeira vez, Casey afirmou inicialmente que Caylee havia sido sequestrada por uma babá. Seus pais chegaram a contratar investigadores particulares para procurar a neta.

Em dezembro de 2008 os restos mortais da menina foram encontrados no bosque.

Suspeita da morte, Casey mudou sua versão e disse que a filha morreu afogada acidentalmente na piscina de casa em 16 de julho e que não reportou a morte por medo.

A defesa alega que, em pânico, ela escondeu o corpo de Caylee com a ajuda do pai, George Anthony. Ele nega a acusação. A promotoria alega que ele teria pregado cartazes com a foto da neta supostamente desaparecida com a mesma fita adesiva usada para sufocá-la.

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