Absolvição de Zimmerman gera protestos; caso deve ir à esfera civil

Por Gazeta News

george_zimmerman_verdict_ap_img

Várias cidades norte-americanas, desde a noite de sábado, 13, têm sido palco de manifestações de pessoas revoltadas com a absolvição de George Zimmerman pela morte de adolescente negro Trayvon Martin.

Milhares protestaram em São Francisco, Chicago, Denver, Baltimore, Detroit e Nova York, onde os manifestantes tomaram Manhattan e ocuparam a Times Square. Ao menos doze pessoas foram presas em Nova York, segundo a polícia. Na Flórida, especificamente em Sandford, onde aconteceu o crime, os manifestantes gritavam que o caso não havia terminado. A maioria das manifestações foi pacífica, com exceção de Los Angeles, onde foram registrados episódios de vandalismo em que baderneiros atacaram a polícia com pedras.

Crime

Zimmerman foi absolvido pela morte de Martin na noite de sábado, após duas semanas de julgamento. O júri, composto por seis mulheres, deliberou por 16 horas até chegar ao veredicto unânime. Zimmerman, filho de mãe peruana, poderia pegar até prisão perpétua pela morte de Martin, ocorrida em fevereiro de 2012.

A promotoria retratou Zimmerman como um vigilante comunitário que "se achava policial" e que perseguiu Martin, um estudante de 17 anos sem passagem pela polícia, por vê-lo caminhando na chuva com um capuz na cabeça e presumir que o rapaz "não era nada bom".

Zimmerman chegou a ligar para a polícia e recebeu a orientação de não perseguir o “suspeito”, mas não obedeceu, e abordou o rapaz. O promotor Bernie de la Rionda descreveu a vítima como um rapaz inocente identificado erroneamente como um criminoso por Zimmerman, "que o matou porque quis". Na sustentação oral, no dia 12, o promotor John Guy tentou mostrar que o vigilante agiu motivado pelo ódio e mostrou “indiferença à vida humana”.

Porém, sobre a decisão final do júri pesou mais a versão apresentada pelo advogado de Zimmerman, segundo a qual o vigia agiu em legítima defesa. Segundo a defesa, Martin deu um soco no nariz de Zimmerman e o empurrou. Zimmerman caiu, continuou sendo agredido e, por isso, atirou. No entanto, imagens divulgadas em março de 2012 mostram o ex-vigilante saindo algemado de uma viatura policial sem nenhum ferimento visível em seu rosto ou em seu corpo.

O assassinato de Martin provocou intensos debates sobre a questão racial e também sobre o controle de armas nos Estados Unidos. A polícia demorou 44 dias para prender Zimmerman, em parte porque o vigia invocou uma lei estadual de 2005 que autoriza o uso de força letal em caso de ameaça à vida. O caso também foi explorado politicamente. À época, o presidente Barack Obama disse que, se tivesse um filho, ele se pareceria com Martin, o que lhe valeu críticas de republicanos.

Processo civil

A família de Martin já anunciou que pretende levar o caso à esfera civil, e o Departamento de Justiça americano lançou um comunicado no domingo, 14, dizendo que a divisão de direitos civis ainda tem uma investigação aberta sobre a morte do adolescente. Promotores federais, trabalhando junto ao FBI, estão revisando evidências para determinar se é preciso lançar acusações criminais de direito civil contra Zimmerman. O procurador-geral Eric Holder deve falar sobre o caso no dia 16, em Orlando, próximo do local do crime.

Com informações das agências de notícias.