Acne: como prevenir e tratar – Parte II

Por Gazeta News

Continuamos, nesta semana, a abordar a prevenção e tratamento contra acne. A dermatologista Dra. Paula Marsicano esclarece mais alguns pontos em entrevista:

Durante o verão, por exemplo, ficamos mais expostos ao sol, a pele fica mais oleosa. Este período influência negativamente a pele acneica? Dra. Paula Marsicano - Calor e sol excessivos geram acne solar ou agravam acne vulgar, em geral. O efeito do UV leve sobre a pele pode até melhorar a acne inflamatória, porém deve ser enfatizado que se trata de exposição leve e não prolongada.

A pessoa com pele acneica deve escolher qual tipo de protetor solar? Dra. Paula Marsicano - Este tipo de pele requer o uso de filtro solar em gel aquoso, gel creme ou loção oil-free, de preferência. A aplicação de gel alcoólico pode irritar a pele, pois os pacientes já estão em uso de formulações com tretinoina, o que deixa a pele mais sensível. Filtros mais elevados, em geral, são mais propensos a agravarem a acne. O melhor é consultar um dermatologista que irá indicar o melhor protetor para pacientes com acne.

Quais os principais tratamentos de uso oral, tópico ou a laser? Dra. Paula Marsicano - Os tratamentos variam de acordo com a gravidade do quadro. Em geral, acne leve ou grau I beneficiam-se de sabonete com enxofre e ácido salicílico em sua formulação, loções adstringentes e tretinoina tópica e seus derivados, como adapaleno gel. Estas substâncias diminuem a secreção de sebo e regularizam a queratinização folicular. No caso de grau II, onde já ocorrem as pústulas, a associação com antibióticos tópicos – clindamicina, eritromicina, peróxido de benzoíla – é usada e pode ou não ser associada à tretinoina tópica. Antibioticoterapia sistêmica com tetraciclina e seus derivados também podem ser ministrados nesta fase, para auxiliar no controle da acne. Outros como azitromicina, trimetoprim-sulfametoxazol, eritromicina e doxiciclina também podem ser usados. Nas acnes mais severas, além dos tópicos já mencionados, faz-se o uso, sempre que possível, da Isotretinoina oral. A sua ingestão é bastante controlada, não devendo ser empregada em mulheres com intuito de engravidar durante o período de tratamento e até 2 meses após o término do mesmo; gestantes, lactantes, pacientes hepatopatas, hipersensibilidade a droga, pacientes com hipertrigliceridemia e/ou colesterolemia e antecedentes pessoais de depressão, embora os estudos epidemiológicos não tenham revelado associação. Neste estágio mais avançado da acne, o acompanhamento médico torna-se indispensável devido à gravidade do processo inflamatório. Tratamentos com fontes de luz como LED, em 400 nm, podem atenuar os efeitos inflamatórios da acne, porém, é um método paliativo. Terapia Fotodinâmica com ALA ou MAL pode ser empregada no caso de acne severa ou grau II, quando não há resposta ao tratamento convencional ou impossibilidade de uso de isotretinoina oral. Já o uso de lasers como PDL, que opera em 595 nm, e Luz Intensa Pulsada, associado ao vácuo para extração do comedão, podem ser usados igualmente, porém, os resultados também são temporários. Estas novas terapêuticas podem ser combinadas com os tratamentos tópicos e orais ou uma opção para tratar os pacientes resistentes aos tratamentos convencionais ou que não possam fazer uso das medicações.

Por que a acne pode deixar manchas ou cicatrizes na pele? Quais são os tratamentos para removê-las? Dra. Paula Marsicano - As manchas podem ocorrer mesmo sem retirá-las e são consequência da hiperpigmentação pós-inflamatória da acne grau II a IV. Manipulação excessiva também aumenta a chance de hiperpigmentação. As cicatrizes fazem parte dos graus mais severos e são mais intensas nos homens. Durante a fase de resolução, ocorrem traves fibróticas que elevam ou deprimem a área acometida. Várias classificações são aceitas e uma das mais empregadas é a classificação de Kadunc et al e Goodman et al. Os tratamentos da hiperpigmentação são feitos com despigmentantes tópicos (hidroquinona, Ácido Kojico, Arbutin, etc) associados ou não à tretinoina. Peelings químicos superficiais podem oferecer clareamento também. As cicatrizes devem ser abordadas de acordo com o tipo. Procedimentos mais invasivos como dermabrasão, peelings médios e profundos, lasers não ablativos e lasers ablativos (CO2, por exemplo) oferecem resultados bastante animadores. Porém, as indicações devem ser precisas, uma vez que alguns tipos de cicatriz não melhoram com nenhuma das modalidades disponíveis.