Depois de verem 34 colegas de trabalhos serem mortos pela polícia, durante protestos na África do Sul, mais de 200 mineiros foram surpreendidos com a acusação de serem responsáveis pelo crime. A notícia, divulgada no dia 31, chocou a população e fez com que o ministro da Justiça pedisse explicações à Procuradoria Geral da República.
“Pedi ao diretor-geral da Procuradoria, Nomgcobo Jiba, que me apresentasse um relatório que justifique a decisão de acusar por assassinato os mineiros”, afirmou o ministro da Justiça sul-africano, Joseph Radebe, em comunicado. “Sem dúvida, a decisão da Procuradoria levou o país a um estado de choque, pânico e confusão”, acrescentou Radebe, que lembrou à Procuradoria Geral sobre a grande responsabilidade de suas atuações.
De acordo com o “Terra”, o órgão apresentou acusações contra 270 mineiros detidos pelos distúrbios, do dia 16 de agosto, que desencadearam o massacre de 34 colegas por disparos da polícia na mina de platina da empresa Lonmin em Marikana, a 100 km de Johanesburgo.
Em carta remetida ao governo sul-africano, os advogados dos acusados reivindicaram a intervenção do presidente sul-africano, Jacob Zuma, e a libertação imediata dos acusados. “Se Zuma não agir, iremos aos tribunais para obter uma ordem urgente que o obrigue a isso”, afirmaram os advogados dos mineiros. Esta lei estabelece que quem contribua para episódios violentos contra a polícia pode ser responsabilizado pelos danos e mortes resultantes desses atos.
Mortes
Um total de 259 mineiros foi detido depois que a polícia abriu fogo em 16 de agosto contra um grupo de grevistas, que estavam armados com facões, paus e armas de fogo. Outros 11 mineiros que ficaram feridos durante o episódio foram presos no hospital. Os mineiros estão em greve para reivindicar melhoras salariais desde o dia 10, na mina de platina de Lonmin.Um total de 44 pessoas morreu desde o início dos protestos na mina de Lonmin, entre elas, dois policiais e dois guardas, além de seis mineiros nos primeiros momentos da greve, antes do massacre de 16 de agosto. Segundo a agência “Efe”, ninguém foi acusado, até o momento, pela morte dessas dez pessoas.