Adriana: Nogueira: Consciência, o verdadeiro diferencial

Por Adriana Tanese Nogueira

De acordo com a física quântica, a consciência é parte essencial da ciência. “Eu considero a consciência como parte fundamental. Eu considero a matéria como um produto derivado de consciência. Não podemos ficar atrás da consciência. Tudo o que falamos, tudo o que nós consideramos como existente, postula a consciência”, escreveu Max Planck, físico teórico que originou a física quântica que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Física em 1918.

O que é a consciência?

O termo vem do latim conscientia, derivado de conscire, ou seja, "estar ciente, conhecer, estar consciente" (composto por cum e scire, "saber, conhecer com") e indica a tomada e a experiência de consciência que a pessoa tem de si e dos próprios conteúdos mentais.

O conceito de consciência não corresponde ao primeiro estágio de apreensão imediata de uma realidade objetiva, mas é sinônimo da totalidade das experiências vividas, num dado momento ou por um certo período de tempo. O termo assim se refere àquele momento de presença à mente da realidade objetiva sobre a qual intervém a tomada de consciência que lhe dá sentido e significado, de modo a alcançar aquele estado de "unidade conhecida" do que está no intelecto.

Vamos traduzir o parágrafo acima na linguagem e na experiência cotidiana. Consciência não é estar ciente de que você está com um computador na frente ou uma folha de jornal lendo este artigo. Consciência também não é estar ciente do ambiente no qual se encontra agora, mesmo sem focar a atenção nele. Se queremos chamar isso de consciência, devemos admitir que é uma forma muito primitiva de consciência. Qualquer cachorro tem uma apreensão da realidade material muito superior a nossa, pois nós estamos frequentemente perdidos em nossos pensamentos e não nos damos conta de um ou muitos detalhes do ambiente a nossa volta.

Consciência é “um lugar de reflexão e interioridade”, conforme o filósofo neoplatônico Plotino (III século). Nesse lugar interior, o ato de conscientização e presença à mente, ou seja, aquilo que “temos na cabeça” (pensamentos, sentimentos, percepções) forma uma unidade de sentido.

A consciência está ligada a unidade, sentido e significado. Por isso, não basta ter consciência da realidade material para ser pessoas conscientes, é preciso o trabalho de reflexão interior sobre esta realidade para que ela assuma um significado, um sentido e uma unidade. Sem isso, a realidade, ou seja, a nossa vida, parece um amontoado de experiências sem sentido, uma sequência de pensamentos que nos atordoam, sentimentos que nos avassalam, emoções que nos perturbam, e vamos seguindo no automático sem conseguir dar razão disso tudo. E, assim, sem conseguir encontrar paz.

Consciência é essencial para vivermos como humanos e, sobretudo, para melhorarmos nossa vida, para nos erguermos acima do que nos acontece, transformando nossa bagagem em aprendizado, ou seja, numa escada que nos leva para o alto. Experiências não processadas, não elaboradas, pesam. Nos fazem literalmente nos sentir pesados, aí vem o desânimo e, com o tempo, a depressão.

“Não saia de si mesmo, volte em ti: no íntimo do Homem reside a verdade”. Estas são palavras de Santo Agostino (IV século), um dos maiores pais da Igreja. Voltar para si significa: pare e pense, reflita. Pensar como reflexão, como uma flexão do olhar para dentro, que é diferente da repetição mental de pensamentos sobre os quais não temos controle e que nos controlam. Pensar é refletir, observar, analisar no íntimo do nosso lugar interior, lá onde podemos fazer uma síntese, compreender, religar, unir, dar sentido, respirar, saber quem somos, o que aconteceu, o que queremos – e, portanto, para onde estamos indo.

Consciência: a alavanca e o termômetro da evolução humana.