Adriana Nogueira: O karma familiar e o nosso papel

Por Adriana Tanese Nogueira

mae filha

Na terapia de regressão elaborada por Roger Woolger (Deep Memory Process), após a morte, a alma gravitará para o sistema energético que corresponde àquele no qual morreu. Vamos explicar: ao término de uma vida, os últimos momentos representam como que uma condensação de toda a vida, uma síntese energética do aprendizado e das questões não resolvidas. Com síntese energética quero dizer concretamente: emoções, pensamentos, sentimentos, sensações físicas (por exemplo, todos os tipos de desconforto físico que podem surgir no final da vida). Esses aspectos formam um “sistema energético”: vibrações, energia de uma certa qualidade.

Essa qualidade energética irá gravitar para o que lhe é parecido. Pessoas preocupadas com dinheiro e sobrevivência, comida, culpa, raiva, irão gravitar para um ambiente familiar que carregue padrões semelhantes. Isso tudo pode gerar aquela sensação que muitos têm na adolescência de se sentirem “sufocados” pela família, presos à ela, amarrados e impossibilitados a se expressar, ser e fazer seu caminho.

Como os mais velhos sabem, fugir da família aos 18 anos não resolve o problema, o reencontramos mais tarde na vida. Aquela família nos pertence e nós pertencemos a ela: todos partilhamos um padrão (entre vários e em meio às diferenças pessoais) que precisamos quebrar. Os padrões kármicos são mais de um, cada filho carrega um ou um aspecto de um, como se pode observar ao analisar a personalidade de cada filho e a realidade psicoemocional-espiritual dos pais no momento de sua concepção.

A tendência natural do ser é o desenvolvimento livre e pleno. Para conseguir isso, é preciso romper com o karma familiar que herdamos. E, repito, o herdamos porque tem a ver com nossa história de alma e não simplesmente porque nascemos daqueles pais. Temos que compreender esse processo como um grande aprendizado coletivo no qual ser pais ou filhos é simplesmente circunstancial. Cada um tem sua história de alma, com feridas e necessidades. Às vezes, para realizar um talento, é preciso antes quebrar um padrão repetitivo e é por isso que nascemos numa determinada família: para viver e enxergar de perto esse padrão a fim de rompê-lo e assim realizar o que temos a dar e a ser nesse mundo.

Como se quebra o padrão repetitivo? Pelo autoconhecimento.

Precisamos nos entender no lugar de ficar batendo a cabeça contra as paredes até encontrar uma que quebre (antes de quebrarmos a cabeça!) e nos deixe passar. Não se aprende a usar um computador apertando todas as teclas até acontecer o que desejamos: temos que compreender seu funcionamento.

Algumas perguntas de orientação: Qual é sua característica na família em que nasceu? O que dizem de você? Como é visto? Como se vê? Indague seu nascimento, quem eram seus pais naquela época? O que acontecia? Observe como sua família o faz sentir, como está sua autoestima? O que mais o prende? Do que tentou se libertar até hoje?

Em seguida, foque no que quer para si, onde quer chegar que não consegue ou está difícil? Como queria ser visto e reconhecido? Suas dores mais íntimas dizem respeito a quê? Enfim: Qual é seu mais íntimo desafio? O que está sendo chamado a superar?

Esta reflexão é muito importante para os pais, começando pelas mães que são geralmente as mais sensíveis e as que mais ficam com os filhos: é superessencial entender que o que nós não resolvemos o passamos adiante aos nossos amados filhos. Não tem escapatória.

Um karma é como uma repetição cega da mesma coisa, não tem consciência e intenção. É bestial, estúpida e poderosa.

O único jeito de romper o círculo vicioso é pelo seu trabalho interior de libertação e transformação.