Adriana Nogueira: As pessoas sofrem por falta de amor

Por Adriana Tanese Nogueira

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Quantas curtidas teve seu post? Quantos likes tem sua página? Quantos amigos tem? Tem namorado/a?

Qual é a medida do ser amado?

Vivemos numa época estranha: mais no que nunca o que conta é ser visto, notado e reconhecido. Facilmente se confunde a quantidade de amigos e curtidas com o amor do qual se sente vertiginosamente falta.

Este amor é, porém, desta forma inalcançável.

Quanto mais olharmos para fora de nós em busca de confirmação mais denunciamos a nós mesmos e ao mundo que não gostamos de nós, que precisamos da aprovação do outro para nos aprovar, para acharmos que somos pessoas legais.

Essa busca pela validação externa nos coloca numa posição desconfortável nos levando até o limite da prostituição da alma: você topa tudo, segue a onda.

Mais você fizer isso, menos individualidade terá, menos cabeça poderá usar e mais não-amado irá se sentir no fundo da alma.

É preciso nos perguntar o que é que em nós queremos que seja amado. Afinal das contas, o que é que nos faz realmente sentir que somos amados? Esta é a verdadeira pergunta, a que interessa. Só os bobos não se dão conta que são “amados” somente porque compactuaram com qualquer que seja o pensamento e o comportamento dominantes, o vestido, a maquiagem, as escolhas de seu grupo de referência. Isso pode fazer sentir aceitos, não necessariamente amados, se não todos os que vestem farda haveriam se se sentir imensamente amados por pertencer a tão grande e socialmente valorizado grupo como o dos militares!

Então, o que é que, em nós, precisamos que seja amado para que de fato possamos sentir que há amor pela nossa pessoa?

A resposta é: nossa individualidade. Exatamente o que nos torna diferentes dos outros, únicos.

É por isso que quanto mais tentamos nos igualar para conseguirmos likes e amigos mais nos sentiremos só.

Segue a segunda pergunta: você se ama naquilo que o torna diferente e que provavelmente causou-lhe atritos e desentendimento com seus pais e familiares?

Se você conseguir amar esta pessoa é possível que encontre aqueles que lhe pertencem, que são de fato seu grupo. E nesse caso, a qualidade irá substituir a quantidade.

Mas a esse lugar não é fácil de se chegar porque o desamor pelo diferente em nós, que corresponde muitas vezes à essência mais íntima do que somos, foi instalado na nossa infância. Pois é, tudo volta lá. As origens são importantes. É porque nossos pais foram incapazes, por “n” razões, de acolher a nossa originalidade, o nosso diferencial é que nós aprendemos a fazer o mesmo.

Cada um de nós é um desafio para seus pais. Para acolher esse desafio os pais deveriam ter autoconhecimento e disponbilidade de mudar, de ser desafiados justamente. Sabemos que pouquíssimos pais têm essa disponibilidade, a maioria reprime o desafio que o filho representa porque lhe é desconfortável – e esse movimento é geralmente inconsciente, até porque nenhum pai e mãe gosta de se sentir “malvado” com seu filho.

O que podemos fazer uma vez adultos e já “prejudicados” pelo passado?

Precisamos quebrar o paradigma que nossos pais nos deram: questionando todos os julgamentos negativos que temos a respeito de nós mesmos! Questionando a atitude que adotamos com os nossos sentimentos mais íntimos, com as nossas necessidades e verdades. Questione! Acorde do transe.

Autoconhecimento é a chave: entender por que somos do jeito que somos nos permite mudar o jeito que somos. Mas não mudar de acordo com um código de normas, mas de acordo com o que realmente somos, como nossas exigências profundas, com nosso verdadeiro Eu.