Adriana Tanese: Perversidade feminina

Por Gazeta News

Se há uma boa razão para o mal-estar espalhado pelo mundo, é para que nos tornemos conscientes dele. Nos séculos passados, a humanidade já atinou para o fato que matar uma pessoa não é algo que possa ser impunemente permitido. Na pré-história (estou sendo otimista? Vamos dizer na Antiguidade), um homicídio tinha um impacto menor do que tem hoje. Na atualidade, milhões e milhões de seres humanos jamais matariam alguém (apesar disso vejam os estragos que uma única pessoa consegue fazer). Também, a enorme maioria da população não rouba, do tipo que entra numa loja e simplesmente leva seus produtos.

Roubar e matar, porém, são somente males escandalosos e explícitos. Há uma gama aparentemente infinita do mal que se manifesta numa variedade também infinita de modalidades e que continua fazendo vítimas. Uma dessas manifestações e das mais intrigantes é aquela que se observa com mais frequência do que se gostaria nas mulheres. Pelas mulheres terem sido condenadas a serem boas, dóceis e disponíveis, criou-se uma sombra gigantesca e coletiva que pesa sobre elas e que se chamaperversidade. Como um anjo negro, a perversidade penetra sutilmente na realidade à sua volta, assim como sutilmente cumpre sua tarefa. Se os homens, em explosões violentas e visíveis, matam com faca ou revólver, as mulheres, nas sombras de suas próprias consciências, envenenam, lenta e friamente.

Uma noite tive um sonho no qual um homem, que é uma pessoa querida de minha convivência, e que está mal casado, me falava da esposa. Ele me dizia que, ao conversar com a mulher, esta lhe dava explicações de seus atos diferentes daquelas que eu daria a ele para explicar os atos dela. Isso o deixava perplexo e confuso, portanto, paralisado, pois não sabia o que fazer. No próprio sonho respondi que sua confusão e parálise eram devidas ao fato dele acreditar nela (que claramente estava mentindo). O fato de lee dar crédito às palavras dela produzia aquela desorientação da consciência que ele estava vivenciado e que lhe impedia de tomar uma decisão na vida.

Por que ele acreditava nela?

Acreditamos em alguém quando somos convencidos por suas palavras, lógica ou sentimento que a pessoa nos transmite. O que acontece quando uma pessoa continua prestando atenção a alguém que não é sincero? Alguém que é ambíguo até o fundo da alma, alguém que não demonstra caráter? Quem cai e continua caindo numa armadilha dessas é porque não presta atenção em alguma coisa, certo? O calcanhar de Aquiles desse tipo de pessoa é ela não ouvir e valorizarseu sentir. As vítimas desse tipo de mulher perversa geralmente são os homens, porque estes têm pouca ou nada educação emocional, e logo não sabem o que sentem (mas há mulheres que também caem nessa).

A perversidade raramente chega em meio a nuvens negras. Ela se aproxima de mansinho, mascarada de humildade, doçura e suavidade. Ela se mostra envolta no papel de vítima, que precisa de proteção e resgate. Pode parecer até educada, empenhada, sincera.

De onde sabemos que é tudo mentira? Pelos efeitos que cria e pelos pequenos gestos e palavras que vazam de vez em quando. Não é à aparência e às palavras que se deve prestar atenção. É ao que está por trás dela. E como se chega lá? Pelo autoconhecimento e discernimento interior.Você precisa desenvolver um sexto sentido, por assim dizer, uma inteligência que é basicamente emocional e que complementa a racional. Somente assim se consegue reconhecer o perigo por trás das aparências e das palavras suaves e “lógicas”. A falha do homem do sonho é que ele tem inteligência racional, mas falta-lhe inteligência emocional.