Advogada explica por que indocumentados não devem se desesperar após vitória de Trump

Por Arlaine Castro

Construção de um muro em toda a fronteira com o México deve ser uma das prioridades de Donald Trump. F
[caption id="attachment_130452" align="alignleft" width="300"] Construção de um muro em toda a fronteira com o México deve ser uma das prioridades de Donald Trump. Foto: ABC.[/caption]

As promessas do presidente eleito, Donald Trump, de deportar imigrantes que vivem em situação ilegal no país, assim como a construção de um muro divisor com o México, têm sido algumas das mais polêmicas e têm gerado medo entre os indocumentados, incluindo a comunidade brasileira.

Mesmo com as recentes declarações de Trump, de que seu plano é focado na deportação de cerca de três milhões de imigrantes criminosos que vivem nos EUA, reportagens sensacionalistas publicadas desde o resultado das eleições têm contribuído para espalhar o terror entre a comunidade imigrante, que se pergunta: Haverá perseguição? Expulsão em massa? Novos obstáculos para trâmites migratórios?

Entre os milhões desses imigrantes nos EUA está o brasileiro Geraldo Oliveira, 38 anos, que veio pelo México em 2002 e vive como indocumentado na Flórida até hoje. “Já fiz a minha vida aqui e não quero voltar. Não imagino minha vida no Brasil com tudo o que já conquistei aqui. Trabalho muito, gosto e respeito a América”, menciona. A situação de Oliveira é ainda mais delicada porque ele está respondendo a um processo na corte por dirigir sob efeito de álcool e teme ser deportado. “Como o meu processo ainda não terminou, não sei até que ponto o fato de ele (Trump) ter vencido a eleição pode influenciar em alguma coisa”, disse.

A advogada de imigração, Ingrid Domingues, acredita que não é o momento de criar pânico entre os indocumentados. A advogada brasileira diz estar convicta de que as medidas migratórias não serão tomadas da “noite para o dia” e nem tudo será como tem sido por muitos veículos de comunicação.

Segundo Domingues, o presidente eleito, Donald Trump, não pode tomar nenhuma decisão sozinho, porque ele não tem poder legislativo. “Ele deverá seguir os passos para fazer a reforma imigratória que pretende”.

De acordo com ela, não haverá deportação no dia 21 de janeiro, como muitos acreditam. “Não é assim que as coisas acontecem. Tem todo um sistema que regulamenta a questão imigratória e ele não pode simplesmente passar por cima disso”, pondera.

“A primeira providência de Trump será proteger as fronteiras do país. Provavelmente, ele tentará iniciar a construção do muro por questão de segurança, uma vez que pelas fronteiras entram também armas e drogas ilegais”, acredita.

Como segundo passo, segundo Domingues, Trump deverá se concentrar em identificar os imigrantes criminosos, muitos escondidos nas chamadas “cidades santuárias”, cidades onde as autoridades policiais não informam a Imigração sobre o status imigratório de infratores.

“Essas cidades, como San Francisco, Los Angeles e Chicago, abrigam imigrantes independente de serem criminosos ou não. Em campanha, Trump já disse que vai rever isso, porque essas cidades não podem deixar de cumprir uma lei federal de imigração”, esclarece.

A terceira prioridade do sucesso de Barack Obama, conforme a advogada, deverá ser melhorar a lei de imigração para quem já está aqui. “O imigrante legal que já está estabelecido e paga impostos, acaba sendo prejudicado pelos indocumentados que não contribuem para o país”. Ela acredita que o novo presidente irá criar um sistema para abrir o caminho para legalizar os que já estão aqui há mais tempo.

Domingues aconselha os indocumentadosa não se desesperarem. “Tudo isso que Trum propõe de mudança levará tempo, talvez nem consiga fazer tudo em dois anos, o tempo que ele tem com o Congresso republicano a seu favor”.

A orientação da profissional aos imigrantes indocumentados é que sigam com a vida como já faziam e cumpram com o que for pedido quando chegar o momento de mostrar ao governo que há realmente a intenção de ficar nos Estados Unidos, mas de forma legal e contribuindo com a nação.