Aeroporto de Miami receberá murais gigantes de Carybé

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri

O Aeroporto Internacional de Miami passará a abrigar dois dos mais importantes trabalhos de arte ligados à aviação norte-americana, graças a um acordo firmado entre o condado de Miami-Dade, American Airlines e a construtora brasileira Odebrecht. As obras são do artista Carybé, que tornou-se internacionalmente famoso retratando os cultos baianos.

Os painéis, gigantes têm 16,5 x 53 pés, e estavam, até então, em exposição no aeroporto internacional JFK, em New York. O CEO da Odebrecht Construction Inc (OCI), Gilberto Neves, concedeu entrevista exclusiva ao Gazeta News sobre o tema.

Gazeta - O que motivou o interesse da Odebrecht pelo projeto de transferência dos murais de Carybé, do Aeroporto Internacional JFK para Miami?
Gilberto Neves - A Odebrecht tem colaborado na preservação e divulgação da arte de Carybé há anos. Desde o lançamento do livro Carybé em 1989 como primeiro registro iconográfico completo e organizado da obra criativa e variada do artista, que se naturalizou brasileiro em 1957. Além do aspecto de resgate cultural de um artista baiano, a Odebrecht como líder na construção de aeroportos, particularmente neste caso o Aeroporto Internacional de Miami, fez natural que a empresa se envolvesse neste projeto. Nosso forte relacionamento com a American Airlines, dona original dos painéis, e com o Condado de Miami-Dade facilitou a criação de uma parceria de sucesso.

Gazeta - Qual foi o motivo da transfe-rência dos murais?
Gilberto Neves - O terminal da American Airlines no Aeroporto JFK passava por uma grande reforma, e os painéis, por serem parte de duas paredes programadas para serem demolidas, também corriam o risco de serem demolidos. A American Airlines e a Odebrecht determinaram que a transferência a Miami fazia grande sentido, dado que a Odebrecht estava construindo a expansão do aeroporto e que o aeroporto representa a sede regional para as operações da American Airlines na América Latina.

Gazeta - A Odebrecht se responsabiliza pelo transporte, restauração e intsalação em Miami?
Gilberto Neves - Este é um projeto de parceria com American Airlines e o Condado Miami-Dade, além do apoio de muitos fornecedores. A Odebrecht está financiando o projeto.

Gazeta - A maioria das pessoas não imagina como é o processo de restauração de duas obras tão grandes como essas. Quem são os especialistas encarregados desse trabalho?
Gilberto Neves - A Odebrecht contratou para os serviços de restauração dois dos mais renomados restauradores de arte dos Estados Unidos, Steve Tatti e Timothy Burica de New York. O trabalho minucioso de restauração esta sendo feito em New York e levará aproximadamente dez meses para ser concluído.

Gazeta - Como será o transporte?
Gilberto Neves - O transporte de New York para Miami será feito por caminhões que levarão os dois murais em partes devidamente embaladas e protegidas. No destino em Miami as partes serão montadas e o serviço de restauração será concluído no local.

Gazeta - Embora Carybé tenha retratado muito bem os cultos baianos ele, na verdade, nasceu na Argentina. A exposição dos murais é, portanto, uma forma de homenagear a cultura latina, de forma mais ampla.
Apaixonado pela Bahia desde sua primeira visita ao Brasil em 1938, o pintor Carybé (1911-1997) radicou-se definitivamente em Salvador em 1950, realizando ali a parte mais expressiva de sua obra. Tornou-se famoso por suas caracterizações, em diferentes técnicas, das negras e mulatas baianas, do cenário colonial e da cultura africana em nosso país.
Considerado um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros, Carybé na verdade nasceu na Argentina, com o nome de Hector Julio Paride Bernabó. Passou parte da adolescência e da juventude estudando na Europa, só vindo a se instalar no Brasil no início da maturidade (tinha quase 40 anos), a convite do educador Anísio Teixeira, então secretário de Educação e Saúde da Bahia.
A temática dos murais inclui muitas das culturas das Américas.

Gazeta - A Odebrecht tem uma tradição grande no investimento em cultura. Que projetos, na área cultural, já foram realizados pela empresa?
Gilberto Neves - Desde 1959 a Organização Odebrecht patrocina iniciativas que visam resgatar valores artísticos e estimular a preservação do patrimônio histórico, como parte de seu compromisso com o enriquecimento do processo educacional das comunidades.
O acervo de contribuição cultural da Odebrecht é formado por mais de 200 edições culturais, entre livros e discos documentais, além de exposições, vídeos, cartilhas escolares. As obras das Edições Culturais Odebrecht estão agrupadas nos seguintes temas: Artes, Cidades e Regiões e História.