Agora o glúten pode fazer parte da sua dieta

Por Ivani Manzo

E lá vamos nós, mais uma vez, liberar o que foi proibido na nossa alimentação. Isso já aconteceu com o ovo, com a manteiga, com a gordura saturada e, agora, com o glúten. E não me surpreende em nada. Já faz algum tempo que venho defendendo a ideia de que nenhum alimento deve ser eliminado da dieta, assim como nenhum alimento pode ser consumido em grandes quantidades sem que isso seja prejudicial.

O glúten é uma proteína encontrada principalmente no trigo e o trigo está presente em muitos alimentos do nosso dia a dia. Algumas pessoas têm alergia ao glúten, os celíacos. Essas pessoas apresentam problemas quando ingerem alimentos que contêm glúten e, claro, nesses casos o glúten deve ser retirado da alimentação. Mas, apenas nesses casos.

As informações são passadas de forma muitas vezes erradas. Na semana passada, durante um jantar com amigos, uma pessoa à mesa comentou que come bastante arroz porque arroz não tem glúten e isso é bom porque glúten engorda. Isso é uma deturpação da verdade. Não é o glúten que engorda, e sim comer muito e alimentos que contêm glúten como o trigo, que são alimentos ricos em energia. Mas, a informação já foi passada à frente e assim mais e mais pessoas começam a não ingerir glúten achando que irão emagrecer. Tudo gira em torno do emagrecimento.

Contudo, recentemente, um estudo da equipe de Andrew T. Chan, da Universidade de Harvard, mostrou que o glúten pode trazer problemas cardiovasculares apenas para os celíacos e não para todas as pessoas. E ainda sugere que a eliminação do glúten da dieta de pessoas que não são celíacas pode trazer alguns transtornos. As pessoas que eliminam o glúten da dieta deixam de ingerir grãos integrais, importantes para a manutenção da saúde. Os cientistas responsáveis pela pesquisa recomendam que não se elimine o glúten da dieta, pois esse hábito pode causar prejuízos na saúde das pessoas.

A alimentação das pessoas que não apresentam enfermidades não precisa ser restrita e nem deve ser motivo de estresse. A internet traz muitas coisas boas, como informações importantes sobre alimentação.

Pena que algumas delas estão sendo deturpadas. Algumas vezes por interesse em querer ser “famosinho” e, na maioria das vezes, por falta de conhecimento de quem reescreveu a matéria ou de quem leu a matéria.

É fato que muitas informações têm surgido, mas no meio científico, o que é publicado hoje em uma revista não é lei. O estudo é publicado para que os cientistas fiquem sabendo, usem a informação e verifiquem se é verdadeira. Demora um bom tempo para que nesse meio, algo se torne verdade indiscutível. Porém, muitas pessoas que agora têm acesso a essas revistas divulgam os resultados como se fossem definitivos. E não são. Interpretam errado e causam transtornos para muita gente. Na minha opinião, o melhor a ser feito é ouvir, entender e antes de sair praticando os novos modismos, perguntar, pesquisar e usar o bom senso.