Al Gore: o mais novo defensor do planeta.

Por Gazeta Admininstrator

Al Gore, ex-vice-presidente norte-americano, derrotado por George W. Bush nas eleições 2000, diz que não tem intenções de disputar as próximas eleições legislativas deste ano e ajudar o Partido Democrata a recuperar a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado.

Entretanto, começa a despertar da profunda hibernação a que se condenara desde derrota para George W. Bush na controversa eleição presidencial de 2000.

Divulgando aos quatro cantos, atualmente sua campanha tem como objetivo “salvar o planeta”, o ex-vice-presidente está em turnê por várias cidades dos EUA para divulgar o documentário "Verdade incômoda". Filme que tem como protagonistas ele próprio e pretende ser um grito de alerta sobre a questão do aquecimento global.

Mas, além de contribuir para a educação ambiental de seus compatriotas, alguns especialistas vêem no documentário um ensaio político para as eleições presidenciais de 2008, apesar Gore garantir que não é essa a intenção “Não penso em ser candidato”, afirmou na pré-estréia em Los Angeles, prestigiada pelas mesmas estrelas de Hollywood que o apoiaram em 2000.

“Verdade incômoda” se baseia em pesquisas de cunho científicos segundo os quais, a menos que sejam reduzidas as emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, o aquecimento global causará uma mudança climática que acabará com a vida da maneira como a conhecemos. Durante os 100 minutos, o filme mostra o derretimento das calotas polares do Ártico e da Antártida, além do desaparecimento da Groenlândia. Fotos tiradas por satélite atestam as mudanças provocadas pelo aquecimento, e uma animação explica como o nível dos oceanos pode subir, inundando cidades inteiras — como Xangai, na China, Calcutá, na Índia, e boa parte de Nova York, nos EUA.

Segundo informações do documentário, o furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans em outubro do ano passado e deixou centenas de milhares de desabrigados, seria apenas uma amostra do que está por vir. Apesar do tom alarmista do filme, Gore não considera a catástrofe ambiental inevitável. “Se sou otimista, é porque tenho certeza de que as mudanças já estão em andamento”, diz.

Em sua primeira exibição, no Festival de Sundance de cinema independente, em janeiro, o filme teve boa acolhida. Na última terça-feira, em Los Angeles, foi a vez da pré-estréia mundial. Gore recebeu o tratamento que só Hollywood sabe dar aos líderes democratas, festejado por estrelas como Sharon Stone, Daryl Hannah e Marisa Tomei. A próxima parada do documentário será o Festival de Cannes, na França.

Alguns críticos consideraram Verdade incômoda “tedioso”, mas a revista Newsweek classificou o documentário como o quinto entre 15 filmes “imperdíveis” da temporada. A Vanity Fair, em sua edição de abril, colocou Al Gore ao lado de Julia Roberts e George Clooney na capa, evidenciando as várias personalidades que desenvolvem algum tipo de ação em favor da natureza. Já como vice-presidente, Gore era considerado um grande defensor da ecologia. Mas especialistas não deixam de apontar objetivos eleitorais por trás do documentário.

O político argumenta que o aquecimento global é “um tema moral, e não político”, mas deixa entrever a possibilidade de voltar à luta pela Casa Branca. “Não me engano, e sei que não existe no mundo um cargo que se compare ao de presidente dos Estados Unidos na hora de influir e mudar o curso da história. E o próximo, seja quem for, vai precisar da opinião pública ao seu lado para atacar esse problema. Espero que o filme ajude”, afirmou.