Dívida com financiamentos amarga a vida de universitários nos EUA

Por Arlaine Castro

financiamento estudantil

Com poucas universidades gratuitas disponíveis nos Estados Unidos, aproximadamente 70% dos estudantes no país recorrem a empréstimos para custear o ensino superior. O problema tem sido que nem todos conseguem pagar o financimento em curto prazo, e acabam acumulando dívidas de milhares de dólares ao longo da vida.

Dados oficiais indicam que a dívida estudantil no país alcançou $1,3 trilhão de dólares neste ano - o equivalente a 70% do PIB brasileiro em 2015. Esse montante, segundo o Federal Reserve, é devido por mais de 40 milhões de pessoas.

Como consequência, não são raros os casos de depressão e crises de ansiedade entre os jovens americanos.

A organização não-governamental Student Debt Crisis tenta reformular o sistema de financiamento estudantil nos EUA por meio de petições online e sensibilização pública, utilizando abordagem pessoal através da plataforma, onde incentiva a compaixão aos mutuários do empréstimo de estudante.

Em entrevista ao GAZETA, a diretora da ONG, Natalia Abrams, relata que existem mais de 43 milhões de estudantes que contraíram empréstimo nos EUA e a organização tem a adesão de cerca de 800 mil estudantes por todo o país.

De acordo com a diretora, os mais vulneráveis não são necessariamente quem deve mais. Abrams afirma que um dos grupos mais afetados são devedores que não conseguem completar a faculdade. “Muitos largam o curso para trabalhar e atender a alguma demanda mais urgente, como os custos de um tratamento médico ou de um filho recém-nascido”. Sem um diploma de curso superior, fica mais difícil competir no mercado de trabalho e ter um salário razoável para pagar a dívida. Segundo ela, 20% dos americanos com mais de 50 anos têm dívidas estudantis.

Os mais endividados, ressalta a diretora, estudam em universidades que buscam o lucro “for-profit”. Essas instituições são minoritárias nos Estados Unidos, mas vêm se multiplicando e costumam ter avaliações mais baixas que universidades públicas ou sem fins lucrativos. Alguns estudantes chegam a acumular dívidas que chegam à casa dos $800 mil dólares.

Para Abrams, o governo federal - responsável pela maior parte do crédito estudantil nos EUA - não deveria cobrar juros sobre esses empréstimos. Hoje, os juros - definidos pelo Congresso americano - variam entre 3,76% e 6,31% ao ano.

Juli Then, 24 anos, estudante do último ano de Practical Nursing pela Massachussets Bay Community College, conta que fez o empréstimo para poder estudar e terá que começar a pagá-lo após 6 meses do curso finalizado. Segundo Juli, além da dívida com o financiamento, jovens que estudam o dia inteiro precisam lidar com os custos para se manter, por isso precisam trabalhar parte do dia ou arrumar algum trabalho eventual.

“Você não tem tempo para trabalhar e ganhar dinheiro porque você quer e precisa manter boas notas. É difícil conciliar tudo isso sem recorrer ao financiamento estudantil”, destaca. Com um empréstimo de aproximadamente $70 mil dólares, a brasileira Kalina San-Jorge iniciou o curso superior de fotografia no Art Institute de Fort Lauderdale em 2011 e, desde o início, recorreu ao empréstimo estudantil “Loan” – que o estudante começa a pagar seis meses depois de formado.

“As faculdades são caras e é o único meio de você conseguir estudar e ter uma profissão aqui”, relata.

Com informações da BBC.