Com alta do dólar, sonho de ter imóvel nos EUA vira pesadelo para brasileiros

Por Gazeta News

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Brasileiros que aproveitaram a desvalorização do dólar em relação ao real para comprar imóveis no exterior, em especial em Miami, estão vivendo um pesadelo agora que o dólar voltou a subir no Brasil. Há aproximadamente três anos, o empresário paulista Jorge Maluf comprou um apartamento em Miami por $380 mil dólares, com o dólar a R$1,80 e prazo de financiamento de 30 anos. Com a moeda americana em torno dos R$ 2,70 no dia 2, a prestação disparou. As informações são de “O Globo”.

“Essa é uma situação que assusta muito. A sorte é que tenho conta em um banco americano, para onde comecei a mandar dólares antes que a moeda explodisse. Mesmo assim, ficou muito maior a dívida em reais”, disse Maluf.

Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, destacou que, como o dólar ficou estacionado por um bom tempo entre R$ 2,20 e R$ 2,30, muitas pessoas não acreditavam em mudanças bruscas. O erro, explicou, foi não provisionar uma margem para cobrir eventuais oscilações do câmbio.

Bergallo disse que atuou na venda de 1.100 imóveis nos últimos dois anos, fazendo o envio de recursos financeiros para fora do país. No total, a procura de brasileiros por imóveis nos EUA cresceu 40%.

Uma reserva em dólares nos EUA é a opção mais simples e eficiente de proteção, acredita Daniel Ickwoicz, sócio da Elite International, imobiliária americana especializada no público brasileiro. Outra opção é comprar um imóvel comercial, que gere renda em dólares.

Para Newton Marques, professor de Economia da Universidade de Brasília, é ingenuidade comprar bens em moeda estrangeira. A seu ver, a situação pode até piorar, com a mudança abrupta na política econômica da presidente Dilma Rousseff. “Quem quiser se aventurar vai ter de correr riscos. Qualquer aplicação em moeda estrangeira é de risco. Funciona mais ou menos como a Bolsa”, explicou Marques.

Com a crise de 2008, o valor dos imóveis nos EUA caiu até 70% em apenas seis meses. Na época, com a cotação do dólar mais próxima de R$ 2, muitos brasileiros viram a oportunidade de comprar e investir, especialmente, em Miami, Orlando e Nova York. Porém, a partir de 2011, os imóveis voltaram a se valorizar, com alta de 10,9%. Os juros do financiamento variam de 3,24% a 4,1% ao ano, com prazos que vão de 15 a 30 anos, respectivamente.