Amamentar bebês grandes - Pais e Filhos

Por Adriana Tanese Nogueira

Breastfeeding

Uma leitora escreveu:

“Gostei muito dos livros que vi no site. Sou mamãe de um baby boy de 15 meses que ainda amamento, mas vejo que as pessoas tem muito preconceito e acham um absurdo amamentar durante todo este tempo. I don’t care, ele está super saudável e feliz e eu me viro nos 30 para continuar até ele desistir ou acabar o leite”. Parabéns, mãe de um bebê de 15 meses! Você merece uma medalha! Seu bebê tem a felicidade de poder continuar a mamar no peito quando tantos outros foram desmamados antes do tempo ou à força. Imagino como as pessoas lhe olham de cara feia, ainda mais aqui, nos Estados Unidos, onde tudo é terceirizado e as crianças são colocadas longe da mãe já nos primeiros meses de vida, coisa que nenhuma espécie animal faz.

O aleitamento materno é importante, aliás, é essencial para o desenvolvimento equilibrado, saudável – física e psicologicamente – do bebê. A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento exclusivo e sob livre demanda até o sexto mês de vida. Isso significa que, durante esse tempo, o bebê não precisa de mais nada a não ser de leite materno, nada de água, chás, suquinhos... nada. O leite materno dá tudo o que o neném necessita para estar em plena saúde, oferecendo alimento na hora certa, na temperatura certa e na variedade de nutrientes correta para aquele específico momento de sua vida. O leite materno, de fato muda, ele não tem a mesma composição da época do nascimento. Após a saída do colostro, que é o primeiro leite, que aparenta ser ralo e “fraco”, mas que na verdade é supercheio de agentes que sustentam o sistema imunológico, o leite vai mudando conforme as fases de vida do bebê. Poderia existir alimento mais perfeito?

Há um preconceito contra o uso do seio feminino para a função pela qual ele foi criado: amamentar! Faz parte do sistema patriarcal que estigmatizou o seio como objeto sexual e o guarda ciumentamente para si, não querendo dividi-lo com quem tem o direito de “propriedade” sobre ele – o bebê. Sim, bebês deveriam poder mamar sempre e a qualquer hora que o desejarem. Isso não significa obviamente ter um bebê pendurado no peito o dia todo, há de se usar o bom senso.

Até quando deveria ser mantida a amamentação? Idealmente, até quando os dois se “cansarem”. A leitora do comentário acima entendeu perfeitamente, e certamente porque ela está feliz. Dar de mamar é – ou deveria ser – uma experiência gostosa para mãe e bebê, porque nutrir um filho no peito é muito mais que sustentar sua vida física. É troca emocional, é vínculo, é um conhecer-se, um descobrir-se, um comunicar-se. Se tem algo que pode servir para representar amor nessa primeira fase da vida é a amamentação. Como Freud dizia, essa é a fase oral. A boca é o órgão de contato com o mundo, o bebê põe tudo na boca, não é? O peito da mãe é aquela coisa que ele põe na boca e o enche de vida, de alegria, de paz, de segurança... enfim, é a volta para casa, para o lar, para o ninho querido.

*Adriana Tanese Nogueira é psicanalista e life coach - www.ATNHumanize.com Se você tem alguma dúvida ou sugestão de assunto a ser abordado, por favor,  envie um e-mail para adrianatns@hotmail.com.