As mãos suando frio e aquele friozinho na barriga são apenas alguns dos efeitos do doce, mas poderoso veneno, que levam as flechas do cupido quando estas nos atingem.
Segundo as estatísticas, somente um em cada dez casais afirma ter se apaixonado à primeira vista. Mas mesmo que a impressão inicial não seja aquela que persista, não dá para descartar sua importância.
Se a primeira impressão foi boa, à medida que os encontros aumentam, crescem também o conhecimento, a familiaridade e há mais possibilidades de que isso se transforme em uma relação duradoura.
No lado oposto, se a primeira impressão foi negativa ou desfavorável, é preferível interromper o contato, deixar que se passe um tempo para que essa sensação se desfaça e, depois, tentar, em uma nova oportunidade, que a relação dê certo.
Quem estudou o amor diz que é possível distingui-lo, ou classificá-lo. Segundo Ethel Person, professora de psiquiatria na Universidade de Columbia, existe o amor romântico e paixão, que são quase a mesma coisa e englobam o turbilhão emocional e sexual que liga duas pessoas. É mais intenso, mas também mais breve. E o amor físico, que corresponde à mera atração sexual. Por fim, o amor afeição, que inclui sentimentos variados e o vínculo sexual entre os pares. É mais tranqüilo e duradouro.
Baseada na teoria da evolução, Helen Fisher, antropóloga, descreve no seu último livro, “Why we love, the Nature and Chemistry of Romantic Love” (Henry Holt), três tipos de vínculo amoroso: o amor romântico, a luxúria e a afeição. O primeiro, ligado à paixão e às estratégias de sedução, o segundo, à necessidade de gratificação sexual, e o último, a sentimentos de tranqüilidade e bem-estar.
Assim sendo, a atração ou o amor à primeira vista, encontrando no outro reciprocidade, tenderá a abandonar a contemplação e a empenhar-se nos rituais da corte. A possibilidade de futuro de um afeto desta natureza não é maior nem menor do que outro qualquer. É precisamente igual.
Do momentâneo ao amor duradouro
Se os sentimentos depois do primeiro encontro forem positivos, é possível conseguir que o amor chegue a um bom porto e que, assim, se transforme em uma relação mais profunda e duradoura. Mas há situações que levam ao fracasso e que fazem com que a relação desapareça tão rápida como apareceu.
Segundo especialistas, a urgência ou “ansiedade sentimental” por incluir alguém em nossa vida, pula etapas necessárias do curso normal de uma relação.
Outra situação que leva a sofrer de urgência de amor é o desejo de querer substituir um fracasso amoroso.
O mais aconselhável é prestar atenção nas atitudes da outra pessoa, o que ela faz e diz. Faça uma pequena análise para montar os prós e contras, as diferenças de caráter, afeições e perspectivas.
Quanto dura a paixão?
Segundo algumas pesquisas, estamos programados para desapaixonarmos depois de 18 a 30 meses de relação. Nesse momento, os sentimentos podem terminar, mas também podem se transformar em uma união controlada pelo coração e a cabeça.
Para a psicóloga Isabel Menéndez, “quando se vive uma louca paixão, a pessoa identifica no outro o ideal de amor: é um estado de plenitude, em que entram em jogo as reações bioquímicas”.
A flechada do cupido altera profundamente as pessoas e os protagonistas vivem algo mágico que lhes conduz a um estado de sublime bem-estar. O outro se torna a meta e estar ao seu lado faz a vida mudar de cor, pois ela é contemplada pelo filtro do amor.
Depois da idealização
A pessoa flechada terá que passar por várias provas para que a paixão não se extinga depressa. A principal é reconhecer o outro tal como ele é, não como queremos que ele seja. Isso é possível apenas quando nos conhecemos o suficiente e aceitamos nós mesmos assim como somos, em vez de tentarmos nos completar com o outro.
A transformação de uma paixão repentina em algo duradouro requer profundas mudanças internas. Entretanto, quem vive uma paixão nega seus defeitos e carências, crendo apenas que está sendo o protagonista de um verdadeiro amor.
“Para que um flerte se transforme em amor, é fundamental que o casal aceite as carências”, adverte Isabel Menéndez.
Romantismo
Ao contrário do que muitos podem pensar, o amor à primeira vista pode acontecer com pessoas que não são românticas. Cientistas da Universidade Estadual de Ohio, afirmam que os seres humanos decidem o tipo de relacionamento que desejam ter, alguns minutos depois de encontrar seu parceiro.
Com isso, as pessoas fazem uma previsão a respeito do tipo de relação que poderão ter com outra pessoa e determinam quanto esforço será empregado no desenvolvimento desta relação.
Isso pode ser facilmente analisado no dia a dia. Se você acha que pode ser amigo de alguém, vai se comunicar mais, contar mais a seu próprio respeito e fazer coisas que ajudarão a assegurar que a amizade se desenvolva. Já se a previsão é mais negativa, então você restringe a comunicação e torna mais difícil que a relação se desenvolva.
Para comprovar cientificamente, os pesquisadores uniram 164 pessoas em pares e concentraram os estudos nas ami-zades entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, as conclusões valem também para encontros amorosos. Por isso, encontros de curta duração com várias pessoas podem ser muito úteis para decidir qual será seu parceiro, ou parceira, amigo, ou amiga.
Apesar do artigo publicado na revista especializada Journal of Social and Personal Relationship não parecer inovador, ele contradiz estudos anteriores que apontavam que o futuro de uma relação se definia nos primeiros dias após o primeiro encontro.

