Anistia denuncia abusos dos EUA na guerra ao terror

Por Gazeta Admininstrator

Milhares de prisioneiros mantidos pelos Estados Unidos como parte da "guerra ao terrorismo" promovida pelo presidente George W. Bush correm o risco de sofrer abusos e maus-tratos, afirma o grupo humanitário Anistia Internacional. Um relatório do grupo de defesa dos direitos humanos, estabelecido em Londres, considera que a hipocrisia, uma "mentalidade belicista dominante" e uma recusa em cumprir obrigações internacionais ainda caracterizam a forma como o governo Bush lida com prisioneiros.

A Embaixada dos Estados Unidos em Londres não atendeu a um pedido da Associated Press para comentar o relatório. Há denúncias de que muitos prisioneiros mantidos pelos EUA tenham sido detidos indiscriminadamente e privados de liberdade mesmo sem a existência de evidências contra eles.

O documento, intitulado "Guantanamo and Beyond" (Guantánamo e Além), acusa o governo americano de "executar uma campanha de relações públicas para convencer o mundo de que as fotografias de Abu Ghraib revelavam apenas um pequeno problema que já teria sido resolvido".

Ao mesmo tempo, prossegue o relatório, "milhares de detentos sob custódia dos EUA no Iraque, no Afeganistão, na Baía de Guantánamo e em instalações secretas em outras partes do mundo ainda correm risco de torturas e maus-tratos". De acordo com a Anistia Internacional, isso acontece porque "os EUA continuam escolhendo quais leis e parâmetros internacionais querem seguir".

O documento menciona o uso sistemático de recursos como a manutenção de detentos sem nenhum contato com o mundo exterior e a negação de revisão judicial dos casos, uma proteção essencial para impedir detenções arbitrárias, torturas e "desaparecimento" de opositores políticos.

Mais de um ano depois de a Suprema Corte dos EUA ter determinado que os tribunais americanos têm jurisdição para considerar eventuais apelações dos detentos mantidos em Guantánamo, o relatório acrescenta que "nenhuma pessoa detida (na base naval americana) teve revisada judicialmente a legalidade de sua decisão".