Annan vê

Por Gazeta Admininstrator

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, deu a entender que os Estados Unidos e o Reino Unido deveriam ser parcialmente responsabilizados pela "enorme" quantidade de dinheiro acumulada pelo governo do ex-líder iraquiano Saddam Hussein com a venda ilegal de petróleo, durante o programa Petróleo por Comida, da ONU.

"O grosso do dinheiro que Saddam Hussein acumulou veio de contrabando realizado fora do programa, sob as vistas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha", afirmou Annan.

Segundo o secretário-geral, os dois países decidiram ignorar o assunto porque a transação de Saddam era feita com países como a Jordânia e a Turquia, ambos aliados dos governos americano e britânico.

Os dois governos negam que soubessem do contrabando.

Mais dinheiro

O programa, de US$ 60 bilhões, permitiu ao Iraque vender petróleo em troca da compra de chamados "bens civis", e assim reduzir o impacto das sanções impostas contra o país.

Investigadores do Senado americano alegam que o regime iraquiano recebeu cerca de US$ 4 bilhões em pagamentos ilegais feitos por empresas petrolíferas envolvidas no programa.

Mas o correspondente da BBC em Nova York, Michael Voss, diz que esse número esconde os US$ 14 bilhões que teriam vindo de "quebra de sanções" com a Jordânia e a Turquia.

Carregamentos de petróleo eram enviados abertamente aos dois países durante os anos 90 e nunca foram interceptados, apesar do patrulhamento no Golfo Pérsico realizado por forças americanas.

Annan desculpou parcialmente o contrabando para a Jordânia e para a Turquia, aceitando que esses países, que não sofriam sanções, tinham o direito de serem recompensados por perdas comerciais.

Filho

Koffi Annan tem sido criticado pela atuação de seu filho, Kojo, no programa Petróleo por Comida.

Em dois relatórios, uma comissão presidida pelo ex-presidente do Fed Paul Volcker questiona a conduta ética do diretor do programa, Benon Sevan, e o envolvimento de Kojo Annan em uma companhia ligada ao projeto.

Bill Rammell, do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, disse à BBC que o país tomou "atitudes vigorosas" para assegurar que o regime de sanções não fosse comprometido.

Em relação às críticas de Annan, Rammell respondeu: "Acho que a ONU tem que aprender com essas lições. Sei que Kofi Annan quer isso, e nós desejamos trabalhar com ele por esse objetivo".

Na quinta-feira, um empresário do Estado americano do Texas, um do Reino Unido e um da Bulgária foram indiciados por supostamente terem dado propinas durante o regime de Saddam Hussein.