Antes de voltar, pense duas vezes: A difícil e perigosa decisão dos imigrantes

Por Gazeta Admininstrator

A combinação de fatores econômicos, políticos e puramente emocionais andou “empurrando” muitos brasileiros, especialmente nas duas maiores comunidades imigrantes no exterior – Estados Unidos e Japão – de volta para o Brasil. Um “empurrão” para muitos recebido com satisfação, já que, não é segredo para ninguém que uma expressiva parcela dos migrantes brasileiros, a vida fora do país é apenas “por um tempo”.

Entretanto, para outros, as razões para retornar ao Brasil eram puramente circunstanciais. Já adaptados, construindo uma vida e um patrimônio fora do Brasil, milhares de famílias teriam optado por permanecer fora, se houvesse um mínimo de condições para isso.

Outro gravíssimo e estressante fator, o “limbo imigratório” ao que segue condenados milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos (no Japão, quase 100% dos brasileiros já chegam ao país legalizados), foi a “gota d’água” para estimular a onda de retornos que atingiu seu auge no segundo semestre de 2009, para iniciar uma queda de ímpeto, em meados de 2010.

Independente dos grupos, entretanto, havia em comum o ânimo gerado pela propaganda (verdadeira em muitos aspectos, duvidosa, em outros tantos) do grande volume de oportunidades que se abria no Brasil. Alardeadas por familiares e amigos que por conta de razões afetivas, não hesitam em “pintar a realidade” com cores mais otimistas e convidativas possíveis.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra.

Sim, o Brasil de 2011 é incomparavelmente mais forte, economicamente, do que o Brasil da época em que a grande maioria dos brasileiros deixou o país.

Sim, o Brasil de 2011 desfruta de imagem positiva e prestígio no extertior, como jamais teve.

Sim, em nichos específicos, em áreas estratégicas e setores bem definidos, há uma carência de talento para ocupar postos nessa nova e vibrante economia em expansão.

Mas nada disso aponta para um retorno tranquilo - muito menos seguro - para milhares de brasileiros que, a partir de 2008, tomaram o “caminho de volta”, em números que, muitos apostam, atingiu 30% da comunidade brasileira no Japão e cerca de 40% nos Estados Unidos.

O que alguns previam, está acontecendo, a cada semana, com mais intensidade: o movimento de retorno aos Estados Unidos e Japão.

Esse retorno vem marcado de frustrações em diversos níveis.

O estímulo de familiares, amigos e colegas, tão passional e intenso, desaparece passadas as primeiras semanas. Fica pior quando o caso é de famílias repatriadas estarem vivendo ‘de favor’ em casas de parentes e amigos. A pressão para que desocupem esses espaços cresce, na medida em que não se acham os tais “empregos em pencas”.

O choque de realidades, mesmo para quem vivia em países como Estados Unidos e Japão há apenas 2 ou 3 anos, é indescritível e gera conflitos internos e externos. Conflitos dentro das famílias que retornaram – especialmente por parte dos filhos; conflitos com o ambiente brasileiro em volta, com inúmeros casos de atritos e rejeição às “reclamações” contra a realidade brasileira, e por aí vai.

A readaptação escolar é traumática e quase nunca dá certo. Há inúmeros casos sendo citados a assistentes sociais e aos isolados serviços de repartição (o Estado de Goiás tem um serviço inédito nesta área) de filhos de brasileiros que nasceram nos Estados Unidos e quando retornam ao Brasil, se tornam isolados e vítimas de “bullying” nas escolas brasileiras.

O imigrante só percebe o quanto a mudança do Brasil para Estados Unidos, Japão ou qualquer outra parte do mundo, mais avançada econômica e socialmente do que o Brasil, alterou a sua vida e a sua percepção do mundo, quando ele retorna. E como não há nada que o apoie psiocologicamente nesse retorno, a possibilidade de fracasso e desejo de retornar ao exterior, são quase inevitáveis.

Evidentemente, há casos em que o retorno ocorre com sucesso e pacificamente. Mas esses são, pelo que se tem notícia, uma minoria.

Por isso é que muitos brasileiros estão retornando aos seus países “adotivos”. Reconhecendo que aquela ideia de que veio para o exterior “passar uma chiva, ganhar uma grana e voltar para o Brasil” é cada vez mais uma ilusão. Se o ditado era: “pense duas vezes antes de deixar seu país para morar no exterior”, agora o ditado é outro: ”Melhor pensar duas vezes antes de decidir voltar para o Brasil”. Pode ser uma decisão acertada para muitos, mas certamente será uma decisão cheia de dissabores imprevistos para outros.

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