Apesar da perseguição, população ilegal se mantém estável

Por Gazeta News

Um dos relatórios mais esperados, com referência à questão dos imigrantes indocumentados vivendo nos Estados Unidos, é aquele produzido anualmente pelo Pew Research Center, uma das mais importantes e acreditadas instituições que trabalham nesse segmento.

E a julgar pelos dados recentemente divulgados pela pesquisa referente ao ano de 2010, há muito o que se discutir sobre a eficácia da política adotada por Barack Obama, em acelerar os processos de deportação, enquanto “cozinha em fogo brandíssimo” a já infame proposta de “reforma imigratória”.

Em 2010, haviam cerca de 11, 2 milhões de imigrantes indocumentados vivendo nos Estados Unidos, um número ligeiramente superior aos 11,1 milhões detectados em 2009. Oficialmente, segundo o governo norte-americano, esta população indocumentada atingiu seu “pico” em 2007, com 12,4 milhões de residentes ilegais.

Se por um lado, a diminuição em 1,2 milhões do número de indocumentados representa uma reversão histórica no crescimento da população de imigrantes ilegais, depois de três décadas de contínuo crescimento, nos parece uma redução bem menos significativa do que esperavam os políticos que têm feito dos indocumentados, seus “vilões favoritos” em busca do voto fácil.

Outro dado crucial: o número de imigrantes indocumentados que estão ativamente trabalhando no país, se manteve inalterado, entre 2009 e 2010: 8 milhões. Os ilegais representam 5,2% da força de trabalho dos Estados Unidos. Em alguns setores como construção civil e hotelaria, esse número passa dos 10%. O estudo segue adiante com revelações muito importantes:

Em 2010, segundo registros oficiais, o número de crianças nascidas de pelo menos um dos pais indocumentado, foi de 350.000, significando 8% de todos os nascimentos nos Estados Unidos. Esse índice se mantém inalterado desde 2008. Uma análise do ano de entrada nos EUA desses pais indocumentados, afirma que 61% chegou ao país antes de 2004, 30% entraram entre 2004 e 2007 e apenas 9% aqui chegaram depois de 2007.

O declínio da população indocumentada entre 2007 e 2010 se deve, segundo o estudo do PRC, essencialmente ao declínio da entrada de mexicanos. Nesse período, cerca de meio milhão de mexicanos deixaram de entrar nos EUA. Ainda assim, os mexicanos representam 58% de toda a população indocumentada vivendo em território norte-americano, enquanto os brasileiros seriam cerrca de 5%, já figurando entre os 10 maiores países emissoras de indocumentados.

Ao contrário da tendência do país como um todo, as populações de indocumentados residindo nos estados da Califórnia, Lousiana, Oklahoma e Texas, seguiu crescendo entre 2007 e 2010.

Já nos estados da Flórida, Colorado, New York, Arizona, Nevada, Utah e Virgínia, esta mesma população teve um ligeiro declínio. Nos demais estados não houve alteração estatisticamente substancial.

Todos esses dados e estimativas foram feitos com base em informações do Censo norte-americano de 2010. E servem para muitas reflexões.

Uma delas, sem dúvida, é a de que uma solução para a questão dos imigrantes indocumentados nos Estados Unidos está longe de ser “resolvida” com tropas, canetadas, casuísmos e bravatasa. Há que ter coragem política para fazer a coisa certa, que é a reforma imigratória e o caminho para a legalização dos que seguirem a rota traçada pelo governo.