Armadilha da Imigração. Um ato cruel
Não é a primeira vez que os agentes da Imigração usam armadilhas para surpreender e prender imigrantes ilegais. Também não é a primeira vez que brasileiros são vítimas dessa estratégia. Mas os requintes de planejamento da chamada “Operação Califórnia” , objetivando específicamente os ilegais brasileiros, é que são inéditos.
Um agente imigratório se fez passar por alguém que, trabalhando dentro da Imigração, estaria “facilitando” a vida de quem quizesse obter seus documentos “de uma forma mais fácil”.
O artifício atraiu brasileiros que, acostumados em nosso país ao famoso “jeitinho” e à incrível estágio de corrupção e suborno que reina em nosso país atualmente, acreditaram que seria possível, nos Estados Unidos, uma forma de legalização que não seja aquela estritamente prevista pela Lei.
O resultado dessa “aposta” no inexistente “jeitinho americano” custou muito para 27 brasileiros que foram presos em flagrante delito e que não puderam argumentar o “desconhecimento da lei”. Como se sabe (ou pelo menos todos deveriam saber) a ninguém é dado o direito de desconhecer a Lei.
O episódio arruina com os sonhos de algumas famílias brasileiras. E se há algo de positivo nessa armadilha cruel, esse algo é a lição que sempre fica de qualquer tentativa de escolher o caminho errado, o caminho fora do que a lei permite, fora do que o sistema estabelece.
O sistema pode não estar sendo justo e nem condescendente com os imigrantes indocumentados.
Mas burlar a Lei é a pior das alternativas. Nem é alternativa, na verdade, porque os criminosos, mesmo que possam se considerar “inocentes úteis” acabam sempre pagando caro por sua “ingenuidade”.
A história completa desse incidente vai contada em reportagem desta edição do Gazeta e já está no site do jornal há alguns dias. Portanto, me restrinjo abaixo ao que considero como um importante alerta para milhares de imigrantes brasileiros que ainda aguardam uma solução para sua legalização.
Paciência, paciência e paciência.
Se o seu projeto de vida é a América. Lhe resta ter paciência e seguir ao máximo extremo a Lei.
Se o seu projeto familiar é de permanência neste país, mantenha a sua esperança intacta porque há um consenso generalizado de que uma solução das mais amplas virá, quem sabe antes mesmo das eleições presidenciais de 2008.
É imperativo para a segurança interna, arrecadação de impostos e serviços sociais, que a massa de quase 16 milhões de indocumentados seja integrada à sociedade norte-americana.
Que ninguém se iluda. Nenhum governo norte-americano, por mais ultra-direitista que seja, por mais anti-imigrante que seja, terá “peito” para enfrentar uma hipótese – impensável – de deportação em massa.
Portanto, a legalização virá.
Portanto, a palavra-chave é mesmo paciência.
Na contra-mão desse pensamento, vem a advertência.
Não se envolvam e nem acreditem em NADA que prometa uma solução fácil, rápida e que não seja coberta pela Lei.
Por exemplo: advogados sérios que lidam com os casos de Imigração, são os primeiros a deixar bem claro aos seus clientes que eles lutarão até o fim por suas legalizações. Mas nenhum advogado sério lhe pedirá para forjar documentos e muito menos lhe prometerá o que não pode ser conseguido.
E para os que se “revoltam” com o fato de existir um país onde a Lei funciona (seja com todos os seus defeitos e eventuais injustiças), recomendamos que se lembrem de que uma das maiores queixas do povo brasileiro é justamente a ausência, em nosso país, de uma Lei que seja igual para todos e efetivamente cumprida.
