As Copas do Mundo de futebol como imigrante

Por Silvana Mandelli

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Sempre achei muito interessante retrospectivas, seja ela do ano anterior, seja de um episódio que se repetiu várias vezes. Por isto, aqui vai mais uma: todas as Copas que passei morando fora do Brasil, mas nem tanto. E olha, foram bem mais animadas do que lembro das que passei enquanto morava no país, com exceção da Copa de 70, que foi a mais bacana, com mais torcida, com futebol mais bonito. [nggallery id=403 template=dop-thumbnail-gallery] 1998 A primeira Copa que passei nos Estados Unidos foi a de 1998. Neste ano, o Brasil foi as finais. Perdemos da França por 3 x 0, na casa dela. Uma tristeza. O treinador era o Zagalo e o jogador que marcou a Copa foi Bebeto por embaralar um bercinho imaginário para saudar a chegada de seu filho quando fez um gol em uma partida juntamente com Taffarel, pelo bordão criado pelo Galvão Bueno Vai que é tua Taffarel. Assistimos o jogo no nosso apartamento em Aventura, todo decorado e cantando o Hino Nacional a plenos pulmões. Parece que quanto mais longe, mais forte é a cidadania. 2002 A Copa do Mundo de 2002 foi no Japão e o Brasil venceu o pentacampeonato numa final de 2 x 0 com a Alemanha. E a comemoração aqui em Miami foi memorável. O treinador do Brasil era o Luis Felipe Scolari, e foi a era de Ronaldinho Gaúcho e Kaká. No trabalho, a TAM, liderada pelo José Sales, ofereceu um café da manhã no prédio da Blue Lagoon, onde era nosso escritório. A final assisti na casa do Ted e Monica Foster e depois fomos para South Beach comemorar. Chovia o que tinha no céu para chover. Mas nada empanou o brilho da comemoração, que teve a integração com muitos alemães que também aqui residiam ou estavam a passeio. 2006 Em 2006 a Copa do Mundo foi na Alemanha, nosso treinador era o Carlos Alberto Parreira e a França nos mandou de volta prá casa nas quartas de final. Assistimos aos jogos no trabalho, sempre vestidos de verde amarelo, com muita vibração. Durante esta copa, levei um famtour para o Brasil e acabei assistindo o jogo que nos mandou prá casa em Canoa Quebrada, no Ceará. 2010 O treinador era o Dunga e fomos eliminados nas quartas-de-final pela Holanda e este jogo, por casualidade, assisti sozinha, num hotel em Eidhoven na Holanda em conexão para Paris. Mas a TAM patrocinou a seleção, levando o time para a Africa do Sul. Toda viagem para o Brasil trazia alguma coisa. E assim fiz uma mala de materiais verde/amarelo desde camisetas, perucas, oculos, tiaras. 2014 Dois mil e quatorze foi pedreira. A TAM já tinha sido absorvida pela LAN e tive que assistir a copa como se tivesse ao vivo e a cores em campo adversário. A Copa foi no Brasil, casa matriz da TAM e um país super importante para a nova empresa criada por representar 50% das rotas e da receita. Mas pensa num prédio(Miami) cheio de funcionários que torciam contra o Brasil, seja no jogo mesmo ou em algum jogo que poderia favorecer ao Brasil. Impressionante e inacreditável para uma empresa que dizia querer uma integração e que tem o Brasil como um grande mercado. E este ano foi o do 7 x 1, no jogo Brasil x Alemanha. Era chocante ouvir os berros do CEO da empresa, comemorando os gols da Alemanha,na fase semi-final. O treinador era Luis Felipe Scolari. 2018 Neste ano de 2018 a Copa do Mundo é na Rússia. O treinador e o Tite, outro gaúcho e a grande estrela é para ser Neymar, mas que virou meme de tantas vezes que caiu no campo durante o primeiro jogo. Diferentemente não estou mais trabalhando, assim não assisto mais os jogos em grupo, que foi muito bom, quando era um grupo unido, mas virou um pesadelo a partir da fusão. Assistir jogos em grupo sempre é muito mais divertido. Neste ano, mais uma vez, nos primeiros jogos estava no Brasil e a desanimação era total. No jogo do sofrimento contra a Costa Rica, faltando 2 minutos para terminar o jogo, o motorista que iria me levar a Porto Alegre prá iniciar a viagem de retorno bateu. Peguei minhas coisas e enquanto ia pro carro o Brasil fez dois gols. Acho que estava todo mundo tão chocado, que não ouvi nenhum foguete em São Leopoldo. Esta e a primeira Copa do meu neto Giovanni, porém nem lembrei de trazer prá ele do Brasil, uma camisetinha. Vamos ver o que nos reserva esta Copa. Um abraço Silvana