As igrejas, sua reciclagem e sua evolução

Por Gazeta Admininstrator

Nada pior do que estereótipos. Nada mais embotador de pensamentos e progresso do que dogmas imutáveis e posturas inalteráveis.

As igrejas, de uma maneira geral, e a igreja evangélica de uma forma bem específica, sempre foram e continuam sendo, um dos setores mais importantes dentro da comunidade brasileira nos Estados Unidos.

Exercendo um papel social e humano de larga dimensão, as igrejas são o mais procurado ponto de apoio espiritual para milhares de imigrantes que enfrentam o complexo desafio da aculturação e as muitas barreiras que fazem de sua vida, mais estressante e dificultosa.

As igrejas, que tanto bem fazem à comunidade nos mais variados aspectos, e quem não reconhecer isso é no mínimo alienado ou leviano, são acusadas frequentemente de serem instituições estagnadas, arraigadas no preconceito e no dogmatismo cego, quando não simplesmente apontadas como “um negócio como outro qualquer”. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.

Como tudo na vida, há igrejas e “igrejas”. De todos os credos, cores, matizes. E, novamente, distinguir aquelas que possuem uma orientação espiritual e humana, superior e comprometidas unicamente com o bem da humanidade, não é tão difícil assim.

O desafio dos tempos atuais para muitas igrejas, pastores, padres, líderes religiosos, é imenso.

Como, aliás, sempre é, a humanidade, o cosmos, o universo, em permanente evolução e transformação, tem colocado as missões pastorais e religiosas em um tormentoso dilema: como evoluir, como seguir em frente entendendo a evolução da sociedade, sem abrir mão de seus valores intrínsecos? É aí onde se distanciam mais ainda aquelas igrejas que estão centradas nos valores humanos e no que existe de mais poderoso e essencial dos ensinamentos bíblicos: o amor ao próximo, a tolerância, o perdão, a verdade e a lealdade ao ser humano, à natureza e a tudo que se refere à criação.

Sim, é possível para as igrejas comprometidas com um alto nível de espiritualidade, compreender melhor um mundo onde certos “valores bíblicos” - sejam fruto de quais interpretações forem - sejam drásticamente questionados, sem com isso rejeitar seres humanos por conta de suas ideias, suas escolhas e suas condições de vida. Quem acredita em Deus e quem tem Jesus Cristo como um ícone do bem, certamente não deveria sair por aí exercitando a exclusão, a malevolência, o preconceito e a intolerância.

De qualquer gênero, baseada no que quer que seja. As igrejas que dedicam “olhos novos para o novo” – que muitas vezes nem é tão novo assim, apenas não eram visualizados ou reconhecidos em função da sanha radical dos que se apoiam de dogmas como náufragos se agarram a destroços de um navio.

É muito mais fácil proibir. É muito mais automático dizer “não”. É, muitas vezes, muito mais conveniente excluir e, com isso, acreditar que se está mais “salvo” ou “protegido”. Sabe-se que tentar “tapar o sol com a peneira” nunca leva ninguém a lugar algum. E nunca se ouviu falar de outras ferramentas e evolução que sejam realmente eficazes, que não o entendimento, a inclusão, a tolerância e o aprendizado.

Ao incluir, as igrejas que desafiam os dogmas cristalizados, dão o histórico necessário “passo a frente”. Se tornando mais legítimas de sua própria definição e se distanciando de quem faz da fé e da carência espiritual, um molde de almas manipuladas.