Assassinos de franceses iriam incendiar vítimas

Por Gazeta Admininstrator

Os assassinos dos três franceses que integravam a organização não-governamental (ONG) Terr'Ativa, mortos a facadas, na sede da entidade em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, pretendiam incendiar o apartamento onde funcionava a instituição. Desta forma, eles se livrariam das provas sobre um desfalque de R$ 80 mil na organização, que teria motivado o crime, e dos corpos das vítimas.

Segundo a polícia, eles chegaram a esvaziar uma garrafa de álcool no apartamento.

"O plano não foi à frente por uma falha técnica: nenhum deles levou fósforo ou isqueiro", informou hoje o delegado Marcus Castro.

Tarsio Ramires, José Michel e Luis Gonzaga de Oliveira, acusados pelo crime, prestaram depoimento durante a madrugada na 12ª DP (Copacabana).

Segundo o delegado, eles disseram que, pelo acordo inicial, José Michel e Luiz Gonzaga receberiam pela participação no crime o dinheiro encontrado no cofre da ONG.

"Eles imaginavam ter pelo menos R$ 2 mil ali dentro, mas havia apenas R$ 300."

Os três acusados serão levados ainda hoje para a carceragem da Polícia Interestadual (Polinter). Os corpos das vítimas - Delphine Douyère, Christian Doupes e Jérôme Faure - permanecem no Instituto Médico Legal (IML).

Max, o filho de dois anos do casal assassinado, está com a presidente da ONG e amiga da família, que aguarda a chegada dos avós, que já embarcaram rumo ao Rio de Janeiro, de acordo com o consulado francês na cidade. A criança estava no prédio onde o crime aconteceu, mas não sofreu nenhum ferimento

O consulado francês também informou que vai ajudar no translado dos corpos.

Tarcio Ramires também coordenava o programa Brilho da Lua, que beneficiava 40 jovens do Morro do Fubá, em Cascadura, com curso de reforço escolar e folclore.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ele recebia R$ 804 e cursava o terceiro ano de Administração de Empresas, na Universidade Gama Filho. As mensalidades eram pagas por pessoas físicas que contribuíam para um dos programas da ONG.

Na delegacia, Ramires acusou a secretária-executiva da ONG Délphine Douyère de desviar dinheiro da organização franco-brasileira, que atua desde 1999, deixando de pagar impostos.

Ramires disse que recebeu parte do dinheiro desviado, que teria investido no Brilho da Lua.

Segundo o delegado Marcus Castro, Ramires disse que o desfalque teria sido de R$ 80 mil. "Eu sou o dono (do Brilho da Lua), eu é que criei o projeto. Eles cortaram o orçamento. Então, este dinheiro, eu usava para que o projeto continuasse".

Também foram mortos o marido de Délphine, Christian Pierre Doupes, e o ex-marido dela, Jérôme Marie Marc Faure, 38 anos, também funcionário da ONG.